segunda-feira, 26 de julho de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

Férias

Já lá vai uma semana, penso, usando o lado pessimista do cérebro.
Logo a seguir, o lado oposto exprime o seu optimismo e salienta, contentíssimo, que ainda faltam mais duas.
Quando e se me apetecer, volto aqui ...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Palavras bonitas

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta.
Sózinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida ...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo o mundo!
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

Poesias de Álvaro de Campos
Fernando Pessoa
Edições Ática (1980)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

José Saramago e o Céu

Para além de um grande escritor, o único (até agora) Prémio Nobel da Literatura da língua portuguesa foi um polemista terrível, sarcástico, cáustico, que nunca virou a cara uma boa refrega, intelectual, entenda-se.
Pelos vistos, nem mesmo a morte lhe cerceou a verve, como se prova pela descrição da sua subida ao céu e da argumentação tida com o Criador. Ler aqui.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Vinicius de Moraes

Há 30 anos a música popular brasileira ficou mais pobre e o mundo perdeu o poeta do amor e da beleza.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fim de tarde

A tarde caminha a passos largos para o fim e, ainda assim, o calor sufocante mantém-se, desafiando a capacidade de adaptação pulmonar, habituada à humidade oestina.
A Praça de Espanha está cheia de carros.
Enquanto uns colocam os "cavalos" no chão e abandonam o local por o "sporting" jogar do seu lado, aguardo na fila com o (meu) "benfica" a impedir a marcha.
Os vidros estão abertos, o rádio sintonizado na Antena 2, que a música ajuda a libertar e a desligar.
"Sou" o primeiro carro da fila da esquerda.
O vendedor transporta, em cada mão, 2 sacos de plástico com barquilhos. Já desistiu de apregoar o produto.
- Não se vende nada ...
Ainda se chamam barquilhos, pergunto, recordando o homem que, na minha infância, os retirava de uma lata redonda, branca e vermelha, junto à Escola Rafael Bordalo Pinheiro.
- Claro. Também há quem lhe chame bolacha americana ... mas não se vende nada. Desde o 25 de Abril que é assim.
???
A compostura do "fato de trabalho", a música ou o sorriso enigmático deram-lhe coragem para continuar.
- Estragaram tudo, o dinheiro, o ouro, as províncias ... e quem se lixa é o povo.
Mas vivia-se bem pior, arrisco.
- Qual quê, a gente cantava e bailava ... era uma alegria!
Por certo que o calor lhe toldou a vista e não percebeu que o "antes" também passou por mim, e bem (se calhar estou ainda em muito bom estado !!!!).
O "sporting" caiu e o diálogo terminou com o "até amanhã" próprio de quem, não se conhecendo, frequenta os mesmos locais.
Se os semáforos proporcionarem novo encontro, vou tentar perceber o que o leva a dizer que era melhor viver "cantando e rindo".