sábado, 26 de fevereiro de 2011

Livraria 107

Pelo Blog do Zé Ventura soube da distinção concedida à Isabel Castanheira pelo Correntes d'Escritas deste ano, atribuindo-lhe o Prémio Especial Livreiro.
Todas as palavras que aqui deixasse sobre a Isabel Castanheira seriam sempre insuficientes para ilustrar a sua personalidade forte e a consideração e amizade que por ela tenho.
A "nossa" 107 faz parte das minhas rotinas há muitos anos e espero que continue a fazer por muitos mais, por três razões que, afinal, são quatro: pelos livros, por mim, pela Livraria 107 e pela grande Isabel Castanheira. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tributo

Parece que foi ontem e já lá vão 24 anos. 
Ficou, perene, a sua obra, cuja qualidade é indiscutível e que mantém uma actualidade impressionante.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Inverno

Mais uma quinta-feira com António Lobo Antunes na Visão.
Como sempre, a arte de bem escrever, com imaginação e beleza. Da crónica de hoje, dois excertos, um do princípio e o outro do final:
"(...) Acabei um livro no mês passado e a minha cabeça, oca, demora-se no tecto. Nem uma memória, nem um presságio: vazio, junto a um calorífero que frita mais do que aquece. O telefone de vez em quando: as pessoas dizem coisas. Não me dizem grande coisa. Leio, sem vontade, não importa o quê. A humidade enche-me os ossos de água parada: sinto-me uma espécie de charco com folhas podres à tona. Se chego à varanda gente apressada, automóveis a garantirem que não com os limpa-vidros, distinguem-se mal as pessoas nos carros.
(...) subo para o helicóptero, explico ao piloto
- Leve-me a Agosto
e dali a nada estou de papo para o ar, na praia, a olhar sorvetes e a lamber biquinis, perdão, ao contrário, a olhar biquinis e a lamber sorvetes. Pensando bem, a primeira frase fica melhor."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Que parva que eu sou ...

Agora, aqui, sem imagem mas com a qualidade de som que a canção merece, o (novo) hino dos Deolinda, com a voz e a irreverência de Ana Bacalhau.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Palavras bonitas

Confesso a minha ignorância: desconhecia em absoluto Luísa Dacosta e, consequentemente, nunca tinha lido nada da sua obra, em poesia ou prosa. Foi preciso a Visão publicar mais um volume da segunda edição de Poesia + Prosa para, por 50 cêntimos, descobrir A Maresia e o Sargaço dos Dias e, desse conjunto de poemas que retratam muito da vida e do mar, retirar este, cuja sensibilidade interior me dispenso de adjectivar.

PERDAS

Faltam sombras
à minha porta.
Quando a noite desce,
o Joaquim já não vem
espreitar a  maré.
Um ataque deixou-o
com o lado direito
esquecido e morto.
Ergue-se a manhã
e a Natália, que o não larga da mão,
não vem beber a malga do café à beirada.

Um dia, também, não estarei mais
para registar as perdas.

Poesia+Prosa
Luísa Dacosta
Oficina do Livro (2011)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Manifesto, revolta ou realismo

Já antes tinha "postado" sobre os Deolinda

Aquando do primeiro trabalho apresentado e após um excelente concerto nas Caldas, disse o que me ia na alma aqui.

Dois anos depois, por alturas do lançamento do segundo CD, voltei a manifestar-me aqui.

Agora, enquanto se aguarda um novo trabalho discográfico, aparece outra surpresa deste grupo, que transporta ar fresco e qualidade musical, juntando a isso letras incisivas, que espelham criticamente o que vai por cá, numa demonstração de que, afinal, há jovens com espírito, irreverência e qualidade, que nos cabe escutar e que merecem ser ouvidos.

Dos recentes concertos ao vivo, mais um "hino" dos Deolinda:

Porque a qualidade do vídeo é fraca, fica a letra enquanto o grupo não grava a canção em melhores condições técnicas.

Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
 
Porque isto está mal e vai continuar, 
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!

E fico a pensar, que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração casinha dos pais,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou!

Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!

E fico a pensar, que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração vou queixar-me pra quê?
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!

Sou da geração eu já não posso mais
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!

E fico a pensar, que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.