domingo, 31 de julho de 2011

Venda do BPN

O Governo anunciou há pouco, em comunicado formal, a venda do BPN ao banco angolano BIC, que já opera no mercado português e é presidido por uma figura muito conhecida na nossa praça - Luís Mira Amaral. 
Foi assim cumprida, em cima do limite de prazo, uma das imposições da "troika".
Como os nossos credores não fixaram o preço de venda nem o comprador, aguarda-se, agora, que o Ministro das Finanças divulgue as razões que o levaram a preferir a proposta do BIC em detrimento das dos outros 3 concorrentes - Montepio Geral, um grupo de empresários denominado NEI e um outro que se manteve no anonimato - e bem assim como todas as condições da adjudicação.
A bem da transparência ...

domingo, 24 de julho de 2011

Província

A grande cidade coloca à disposição dos seus habitantes espectáculos da mais variada ordem, sendo apenas condição para a eles assistir que o gosto a isso apele e a carteira disponibilize os euros suficientes. 
Para quem vive na província, a situação é bastante diferente. Ou se desloca frequentemente à "aldeia grande", com os custos e o cansaço inerentes, ou está atento e não desperdiça as oportunidades, uma vez que "o comboio nunca passa duas vezes".
Na passada sexta-feira assisti no CCC, com a companhia estóica do meu Neto I (já estou muito cansado, avô), ao encerramento do Musicaldas 2011. Inspirado em Alexandre O'Neil, Bernardo Sassetti e a Companhia Nacional de Bailado apresentaram "Uma coisa em forma de assim" que valeu pela música e pela interpretação de Sassetti, pelas excelentes coreografias e pelos belíssimos desempenhos dos bailarinos (Ó vô, parece que estão a fazer ginástica). Uma bela noite!
Ontem, no Mosteiro de Alcobaça, integrado no Cistermúsica, este ano "Em torno de Inês", ouvi, pela primeira vez, Bach em acordeão a solo. O finlandês Mika Väyrynen deu um concerto extraordinário no claustro D. Afonso VI, do Mosteiro. A última obra do programa - Impasse, de Franck Angelis - foi uma "coisa em forma de ASSIM", que o texto escrito pelo intérprete no programa já deixava antever: "...Na última parte do concerto temos Impasse, de Franck Angelis. A história desta peça é dramática e trágica. O Franck era uma espécie de "padrasto" do filho da sua irmã (pois este não tinha pai). Eram muito próximos e o Franck viu o pequeno bébé crescer e tornar-se rapaz. Até que um dia chegou a triste notícia: o rapaz morrera num acidente de moto. "Impasse" é dedicado à memória deste menino. Impasse significa "algo que não sai". Nos grandes desgostos, é essa a sensação que temos."

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Neto II

Qual navegador ousado, consequente e destemido, o meu neto Vasco terminou a "travessia" pelos interstícios da mamã e "atracou" nas Descobertas, onde lhe franquearam as portas de uma vida que se deseja longa, bela e cheia de felicidade.
Chegou bem! Era o mais importante. É (ainda) pequenino, mas vai crescer e fazer as delícias dos pais, dos avós, dos tios, de toda a família e ... do mano Gil, que está tão deslumbrado e com tanta ânsia de brincar com ele, que já queria que o mano pegasse no peluche que escolheu para lhe oferecer.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Palavras bonitas

DIÁLOGO
 
Pergunto ...
Mas quem me poderia responder?!
Tu não, rio sem asas,
Que permaneces
A passar ...
Nem tu, planeta alado,
Que pareces
Parado
A caminhar ...
Humano, só de humanos meus iguais
Entendo a fala,
Os gestos
E o destino.
E esses, como eu,
Olham a terra e o céu,
Os rios e os planetas,
E perguntam também ...
Perguntam, mas a quem?

Orfeu Rebelde
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1992)

Netos

O meu neto fez 5 anos no passado dia 5. Nunca mais conseguirá repetir esta proeza e o avô não foi capaz de assinalar a data na altura própria, como se impunha.
A vida, às vezes, prega-nos partidas e a "martelada" na cabeça não sai só aos outros. Também nos calha, por muito que pensemos que não.
O mar já está mais calmo, a tempestade tende a amainar, a minha qualidade de teimoso já está à tona, o humor já apanhou o comboio, ronceiro, do regresso.
Apareceram inquilinos a ocupar espaço sem a devida autorização. Foram despejados e remetidos a quem os possa identificar, nem que seja para lhes determinar um "termo de identidade e residência".
Cá por mim, que com eles não assinei contrato, só espero que não voltem nem tenham deixado rasto ...
O que importa, agora, é que o meu neto Gil já é um homem de 5 anos e que o meu neto Vasco está quase, quase a sair do conforto da barriguinha da mãe!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Crise

No muro, algum contestatário meio "anarca" ou a recordar os idos tempos do PREC (para quem é mais novo, iniciais do Processo Revolucionário Em Curso, em 1975), escreveu:

- NÃO À CRISE!

A cor diferente, um esperto zelador da língua, talvez conservador ou diligente "educador", colocou um H antes do "à", não tocando, todavia, no acento.
Deixando de lado a acentuação, com a qual já pouca gente se preocupa, resultou que a primeira mensagem, que pretendia ser de alerta, chamamento, voz de revolta, foi, com um simples H, transformada radicalmente numa afirmação peremptória:

- NÃO HÁ CRISE!

E ambas cumpriram a sua função, com a subtileza, bela, que tem a língua portuguesa.

sábado, 2 de julho de 2011

Palavras bonitas

PÓRTICO


Aqui começa a nova caminhada.
Se a levar ao fim, darei louvores a Deus,
Como meu Pai, ao despegar
do dia ganho.
Não por haver chegado,
mas ter acrescentado
um palmo de ilusão ao meu tamanho.

Diário XVI
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1995)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quotidiano

Mudará?
Parece haver uma nova linguagem, mais clara, mais determinada, sem rodeios.
Outro ar, menos viciado, que elevou uma mulher  - Assunção Esteves - para o segundo lugar da hierarquia do Estado. 
Há uns anos não conseguimos eleger uma outra - Maria de Lourdes Pintassilgo - para o primeiro e foi uma oportunidade perdida.
Não são águas em que navegue mas o vento parece soprar do lado certo e à velocidade correcta. Espero não ter de "engolir" a opinião de hoje.
Sou um crédulo que (ainda) acredita no País.

domingo, 19 de junho de 2011

Quotidiano

Algumas frases soltas para despertar a curiosidade para uma excelente entrevista de Carlos Tê, publicada na revista Visão da passada 5ª. feira, que só hoje consegui ler.

"... A minha avó paterna, analfabeta, veio, aos quarenta e tal anos, de Resende para o Porto. Criou-me, teve um impacto muito forte em mim ..."

"... Depois, foi a literatura à porta. Sentia-me intimidado por entrar em livrarias. Era um mundo reservado a outras pessoas, achava que se entrasse me punham fora ..."

" ... Mas havia um lado B, mais ou menos obscuro. «O gajo é dos que lê livros», estás a ver? Dava-me um ar suspeito."

"Começamos a ficar cheios de pessoas que só sabem muito de uma coisa e são incapazes de relacionar assuntos".

A não perder!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Homem prevenido

Prevenindo situações de angústia resultantes da inactividade, nada melhor do que ir preparando a reforma estabelecendo um horário que garanta uma passagem gradual, calma e tranquila à inércia completa.


Angra do Heroísmo - Terceira - Açores