A Foz no seu melhor:
Sol ausente,
Vento presente,
Água "quente",
Mar decente,
... E não há gente!
Porque será?
Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
A Foz no seu melhor:
Sol ausente,
Vento presente,
Água "quente",
Mar decente,
... E não há gente!
Porque será?
Eu não tenho vistas largasnem grande sabedoria,mas dão-me as horas amargaslições de filosofia.António AleixoEste livro que vos deixo
O vento assentou arraiais no Oeste (e noutras zonas do país) e não se cansa de varrer tudo a eito, lembrando que o Verão se aproxima do fim e testando a resistência das árvores.
Os preparativos para o Inverno começam quando se ajeita e acondiciona a lenha trazida do pinhal há algum tempo e ainda amontoada na garagem, se pensa em duas ou três (trans)plantações que o jardim necessita e, cúmulo, se recebe um telefonema ao início da noite:
- Podemos ir amanhã levar a lenha, por volta das dez?
Claro que sim! A praia deverá continuar encerrada ou, melhor, com as portas escancaradas. Nada melhor do que uma manhã ocupada com algum esforço físico, para manter a forma.
Para o meu pai que, há 8 anos, subiu as colinas e desceu em busca da clareza do olhar definitivo.
Estou sentado nos primeiros anos da minha vida,o verão já começou, e a porosasombra das oliveiras abre-se à nudezdo olhar. Lá para o fim da tardea poeira do rebanho não deixaráromper a lua. Quanto ao pastor,talvez um dia suba com ele às colinas,e se aviste o mar.PoesiaEugénio de AndradeFundação Eugénio de Andrade (2000)
Há muitos, muitos anos que a praia - todas as praias - tem indicação de "zona concessionada" e "zona de chapéus de sol". Toda a gente sabe que, pretendendo impedir que o sol lhe moleste a mona, pode utilizar o chapéu do dito, sem quaisquer limitações a não ser o espaço disponível, nas zonas indicadas pelas bem visíveis placas espetadas no areal.
Não vale a pena analisar se a regra não tem razão de existir, se deveria ser alterada ou se era fundamental a permanência de um "cabeça de giz" em cada areal, para sinalizar o percurso de cada um. Mesmo com espaço bem demarcado, parece haver gente que muito gosta do "todos ao molho". São contas de outro rosário, que serão prestadas um dia ...
O que importa é que a regra (ainda) existe e, como sempre, na companhia não vai toda a gente com o passo trocado e só "eu" com o passo certo ...
Manias mas, se quiserem, chamem fado!
Não fui à Polónia, mas podia ter ido. Uma viagem low-cost, baratinha, e aproveitando um quartinho que por lá se acharia disponível e à borla. Teria valido a pena mas optei por Viana, para ver a romaria ...
O Presidente Marcelo, sempre com a preocupação de manter os portugueses muito bem informados, havia anunciado, na passada sexta-feira, que hoje nos comunicaria a todos a sua decisão sobre o diploma das novas regras para a habitação, que lhe tinha sido submetido pelo Governo. E cumpriu ...
Na Polónia, Marcelo Rebelo de Sousa, num português bem escorreito para polaco não entender, informou toda a gente que, afinal, tinha optado pelo veto político ao diploma e que, agora, caberia à Assembleia da República a decisão de o manter ou alterar. Clarinho como água e só não entende quem não quer ...
Os polacos devem ter exultado ao constatarem a sua importância. Recebem um Chefe de Estado que aproveita a viagem para aclarar uma decisão que, imperativamente, teria de ser comunicada não ontem nem amanhã, mas hoje, sem qualquer dúvida. E foi ...
O Presidente, principalmente nos últimos tempos, não se cansa de mostrar que trabalho não lhe falta e que a capacidade para o executar ainda lhe sobra, apesar de os dias se manterem com "apenas" 24 horas. Das águas de Monte Gordo ao avião para a Polónia, aquela cabeça não pára ...
A partir de hoje, os olhos e os ouvidos estarão muito mais atentos ao que se passa na Polónia, sempre com a esperança de que a guerra, cujo fim parece estar cada vez mais longe, não se instale por lá.
Acabaram as férias ...
Pode parecer egoísmo (e se calhar é), mas há muitas coisas que provocam desassossego e nem todas constam no livro do Pessoa.
" Que tragédia não acreditar na perfectibilidade humana! ...
- E que tragédia acreditar nela!"
Fernando PessoaLivro do Desassossego
A fila para a caixa do supermercado tem três ou quatro pessoas. À minha frente, um casal, acompanhado da filha, bem jovem, aguarda a disponibilidade da passadeira para colocar as suas compras. Não demorou muito e ele começou a descarregar o carro, dos pequenos. A mulher "admira" o telemóvel, passando o dedo a grande velocidade. A filha "absorve" um doce branco, fino e comprido que parece ser um poço de açúcar.
- Sabes bem que isso te faz mal aos dentes, mas és teimosa ...
- Não me fales em dentes, que fico em pulgas, diz a mãe exibindo uma dentadura com falhas visíveis a olho nu.
Compras colocadas, o carrinho colocado no sítio devido, dentro do último que lá se encontra. A empregada carrega no pedal, a passadeira desloca-se e abre espaço para a meia dúzia de produtos que irei pagar. O meu carro segue o caminho do anterior mas ... há uma lata, grande, bem lá no fundo.
- Desculpe, aquela lata não é sua?
- É, é. Bebi o sumo e esqueci-me dela ali e ... afinal até ainda tem um bocadito.
Passa a lata à mulher, que já está para lá da menina da caixa. Sempre com os olhos no telemóvel, bebe o resto da lata e coloca-a no saco onde a mão disponível vai pondo as compras.
A lata não apitou na caixa e a menina não viu ou fez que não viu. Era o que eu devia ter feito, mas não resisti. Mau feitio ...
É preciso lata!
A chuva, cumprindo o ditado, lá veio trazer o Agosto - ou a inversa, o que, para o caso, pouco interessa - e não parece querer abandonar este cantinho oestino, sempre fustigado pelo "mau-feitio" de S. Pedro.
Não há praia, ainda que, a espaços, o sol apareça e faça convite - com "água no bico" - para captar os incautos; há paredes a receberem tinta e a água a ameaçar não as deixar secar; o jardim precisa de água ... ou talvez não.
- Choveu de manhã. Não é necessário ...
- Vê lá bem. Agora está muito quente ...
A indefinição, até no clima, é massacrante e desgasta a paciência de um santo.
E se chove?
A contagem vai acontecendo, devagar e sem sobressaltos de maior.
Mas, como em tudo, as aparências iludem e o que parece de velocidade reduzida é, afinal, uma andança vertiginosa. Por este andar, ainda nos apreendem a carta ...