Regresso inúmeras vezes a Torga, cuja escrita me fascina e transmite estados, ideias, vertigens, retratos, um sem número de sensações que não consigo explicar.
O Público tem vindo a facultar, semanalmente, reproduções de livros proibidos por quem nos quis (e conseguiu) manter inaptos, incultos, subjugados, atentos, veneradores e servis. Esta semana chegou o Diário VIII, publicado em Janeiro de 1960 e que os algozes decidiram proibir, apesar dos inúmeros protestos quer por cá quer no estrangeiro.
TATUAGEM
Um verso apenas, mas que fique impressoNa morena epidermeDo teu corpo maciço;Um verso agradecidoà universal belezaDo teu rosto redondo,Infatigavelmente variado;Um verso branco e puroDe rendido louvorÀ serena ironiaCom que deixas brincar no teu regaçoA inquietação,E devolves o ecoDe cada gritoÀ boca enfurecida,- Terra, pátria da vida!Eva que o sol fecunda do infinito!
- É doutor ... - informou o meu companheiro.
- Que doutor! Ele é como nós! ...