sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Palavras bonitas

 Já passam hoje 4 anos da partida do meu pai e ainda parece que foi ontem.

VOZ

Era uma voz que doía, 
Mas ensinava.
Descobria,
Mal o seu timbre se ouvia
No silêncio que escutava.

Paraísos, não havia.
Purgatórios, não mostrava.
Limbos, sim, é que dizia
Que os sentia,
Pesados de covardia,
Lá na terra onde morava.

E morava neste mundo
Aquela voz.
Morava mesmo no fundo
Dum poço dentro de nós.

Libertação
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1978)