Passar por uma livraria é cada vez mais raro, dada a imensidão e facilidade com que se fazem compras por via informática. Porém, sempre que isso sucede, a tentação de entrar é enorme e a vontade faz o resto.
- Queria o livro ... e não o consegui encontrar.
Após uma consulta, a afirmação peremptória:
- Queria, não, quer! Temos dois e estão lá de certeza.
O equipamento consultado mantém o inventário actualizado e, por isso, seriam os meus olhos, velhos, a não vislumbrarem o que estaria à vista.
A menina, simpática, dirigiu-se ao sítio já por mim vasculhado e teve a mesma sorte. Não era dos meus olhos ...
- Ó F..., o computador diz que há dois ... e não estão ali.
- Vê na gaveta lá do fundo. Se não estiverem lá, estão no armazém.
Mais uns minutos e o regresso de mãos a abanar.
- Nós temos ... aguarde só mais uns minutos que eu já volto. Desculpe.
Fui lendo o outro livro que tinha escolhido (o que faltava era para oferta) e, claro, perdi a noção do tempo. Não faço ideia se foram cinco ou dez minutos. O relógio já me abandonou há tempos e o telemóvel estava, escurinho, no bolso.
- Peço-lhe muita desculpa mas, afinal, não temos. Alguém se esqueceu de dar baixa. Desculpe, mais uma vez, ainda por cima fartou-se de esperar.
Paguei o livro que estava nas minhas mãos já com várias páginas lidas, e saí. Meditei: o inventário não devia ser actualizado de forma automática? Se calhar não. Estou velho e não percebo nada destas modernices.