Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
Uma pequena contribuição para divulgar o excelente trabalho recentemente editado por Dulce Pontes, que raramente se ouve nas rádios.
A culpa só pode ser da artista, que colocou três portas no seu trabalho e, com isso, baralhou de tal forma os homens das "play list" que eles não sabem como entrar ...
HOSSANA !
Junquem de flores o chão do velho mundo:
Vem o futuro aí!
Desejado por todos os poetas
E profetas
Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a caminho.
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
É o futuro ...
Ponham pois rosmaninho
Em cada rua,
Em cada porta,
Em cada muro,
E tenham confiança nos milagres
Desse Messias que renova o tempo.
O passado passou.
O presente agoniza.
Cubram de flores a única verdade
Que se eterniza!
A ARTE DOS VERSOS
Toda a ciência está aqui,na maneira como esta mulherdos arredores de Cantão,ou dos campos de Alpedrinha,rega quatro ou cinco leirasde couves: mão certeiracom a água,intimidade com a terra,empenho do coração.Assim se faz o poema.
Uma rosa fica bem em qualquer situação! Aprendi isto, há cerca de quarenta anos, com um Mimoso, quase analfabeto, que falava com as plantas, carinhosamente tratadas, como se fossem gente.E devia ser entendido! As rosas Bacará daquele jardim ainda permanecem na minha memória e eram muito mais bonitas do que estas !!!
VOZ DE COMANDOAmanhece.Erguei-vos, corpo e alma, combatei!Juntos, como num rioÁguas da planície e da montanha,Aliados, correiÀ batalha do mundo, que se ganhaNo mundo.Mundo cruel e duro, mas que eu amo,Apaixonado pelos seus encantos.Visito-lhe os recantos,Sonho um abraço que o abarque todo.De vez em quando há lodoNos baixios,Mas olho os montes, limpos, preservadosNa sua altura,E renasce-me a esperança ao vê-los debruadosDe rebanhos e neve - a máxima brancura.
Está a decorrer, até ao dia 29 de Outubro, a 6ª. Bienal de Artes Plásticas, que inclui uma exposição filatélica luso-espanhola.
A entrada é gratuita e há peças extremamente interessantes, na filatelia e na Bienal.
Algumas esculturas, que têm o vidro como elemento principal, (mas não único), justificam, por si só, a visita.
Embora as afirmações anteriores sejam todas verdadeiras, nenhuma delas é suficiente para fazer de Caldas da Rainha cidade única do país.
A razão é meteorológica, a saber: ontem, segundo os técnicos, foi o dia mais quente do ano. Hoje, a situação repetiu-se, aconselhando-se, até, muita cautela com a exposição solar e as possibilidades de desidratação.
Por cá, choveu de Domingo para Segunda e as altas temperaturas rondaram os 23 graus.
Só nas Caldas !!!
Assembleia da República - 5 de Abril de 1982.
Após a intervenção de um deputado do CDS proclamando que "o acto sexual é para ter filhos", Natália Correia escreveu, num dos seus brilhantes repentismos, esta pérola, que mantém toda a actualidade.
O Diário de Lisboa, no dia seguinte, publicava desta maneira:
"O acto sexual é para ter filhos", disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS no debate anteontem sobre legalização do aborto. A resposta, em poema, que ontem fazia rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia. Aqui fica:
Já que o coito - diz Morgado -tem como fim cristalino,preciso e imaculadofazer menina ou menino;e cada vez que o varãosexual petisco manduca,temos na procriaçãoprova de que houve truca-truca.Sendo pai de um só rebento,lógica é a conclusãode que o viril instrumentosó usou - parca ração! -uma vez. E se a funçãofaz o órgão - diz o ditado -consumada essa excepção,ficou capado o Morgado.
Crescia, engrossava, estendia os ramos, produzia folhas, mas de flores, nada!
Tinha sido plantado para trazer o seu colorido, a sua beleza tão simples e tão vistosa. Ano após ano, a ausência das flores persistia.
"Talvez não seja um jacarandá", murmuravam os cépticos. "É alguma espécie que não dá flor", sugeriam outros, conhecedores de Botânica de ouvido.
De um dia para o outro, o jacarandá floriu! Engalanou-se!
Quis marcar a sua presença, no ano do regresso de um dos frutos e nas vésperas da chegada de novo morador.
Que lindas flores tem o jacarandá!
LETREIROPorque não sei mentir,Não vos engano:Nasci subversivo.A começar por mim - meu principal motivoDe insatisfação -,Diante de qualquer adoração,Ajuízo.Não me sei conformar.E saio, antes de entrar,De cada paraíso.
Orfeu RebeldeMiguel TorgaGráfica de Coimbra (1992)