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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Jornalismo

Cada vez vejo menos televisão, ainda que o aparelho possa estar ligado na sala onde me encontro. 

Apesar disto, vou-me apercebendo de algumas alterações tendentes a prenderem a atenção, mesmo dos mais distraídos. Nas notícias, agora, o écran está quase sempre dividido em três ou quatro "janelas", onde as personagens convidadas, conjuntamente com o jornalista, peroram sobre um qualquer assunto, ao mesmo tempo que vão sendo exibidas imagens, normalmente desactualizadas, sobre o pretenso tema em discussão ou análise. Deve ser a forma de enaltecer a única coisa válida: a imagem, mesmo desactualizada, ainda vale mais que mil palavras.

Estamos na época da gripe, de novos vírus, do "ressuscitar" do sarampo, da necessidade de vacinas. Para ilustrar estes factos, as televisões - todas elas - escolhem a imagem. E nada melhor do que a agulha a penetrar no braço nu da criança, com o choro sofrido em fundo e bem audível, para que não surjam dúvidas, se atraia a atenção e haja audiências.

Deve estar a ser muito difícil ser jornalista ...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Notícias

Na manhã de hoje, aconteceu uma reunião entre as duas partes beligerantes - Rússia e Ucrânia - na procura de uma solução para o conflito que já leva alguns dias. Até ao momento, ainda não se conseguiu apurar as conclusões da dita reunião.

Dito assim, podia ser uma notícia de jornal televisivo, se lida por uma voz simpática, e ilustrada com metade do écran a exibir uma situação já antiga. O momento que se atravessa é grave e pode tornar-se dramático, digo eu, fazendo o papel de "achista", como tantos outros,  e tendo por base apenas e só o que vemos, ouvimos e lemos, como dizia Sophia.

Há coisas que me desconcertam: olho para um qualquer canal dos noticiosos e verifico a passagem em rodapé de notícias há muito desactualizadas, muitas vezes antecedidas ou sobrepostas da legenda, branca sobre fundo vermelho, de "ÚLTIMA HORA". E isto passa todo o santo dia, algumas vezes com erros ortográficos, e ninguém dá fé. 

A pressa sempre foi inimiga da perfeição. Se eu não morresse, nunca! E eternamente buscasse, e conseguisse, a perfeição das cousas!, dizia Cesário Verde, sem pressas. O jornalismo está a viver um ciclo diferente, talvez deficiente, e a deixar que as modas substituam o rigor. As redes ditas sociais já são fonte de notícia e, muitas vezes, o que por lá é espalhado, acaba aproveitado para trabalho.

Preocupa-me ... mas deve ser da velhice!

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Ontem e hoje

Ontem, a propósito de uma reportagem que vi num dos canais de televisão, lembrei-me de uma história contada pelo meu pai, que se teria passado no quartel das Caldas, quando este ainda estava nos pavilhões do Parque.

Contava ele que, num dia de prevenção rigorosa, em plena II Grande Guerra, estava de sentinela um soldado novo, a quem teriam sido dadas instruções rigorosas para não deixar entrar ninguém que não se apresentasse devidamente fardado.

- Não entras.

- Mas eu sou o comandante!

- Quero lá saber que sejas o comandante. Se queres entrar vai vestir-te ao menos à sargento!

A história serve apenas para enquadrar uma conversa (mais uma) que o Presidente da República teve com jornalistas, na qual explicava os incómodos causados por António Lobo Xavier ter testado positivo ao coronavírus, após a reunião do Conselho de Estado. E prosseguia, informando que tinha sido possível testar rapidamente todos os Conselheiros e garantindo que não havia ninguém infectado, incluindo a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tinha estado presente na reunião.

E foi então que, do grupo de jornalistas, um infiltrado, de microfone na mão, perguntou:

- Você também foi privilegiado nisto?

Não se acredita mas, tal como no soldado, não basta dizer que se é e ter um microfone na mão. 

Se quer participar nas conferências, aprenda, ao menos, como se deve dirigir ao Presidente da República.