quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ANO VELHO, ANO NOVO

Está a chegar ao fim, mas foi duro ...
No fundo, talvez igual a tantos outros; as gavetas da memória estão acamadas de passado e apenas surgem as "roupas de cima".
Depois do virar que acontece, com duas horas de avanço, lá longe, no berço da civilização, onde está uma parte de nós, contam-se os últimos segundos cá no cantinho...
Surge o Novo, prenhe de desejos, expectativas, efabulações, esperanças, que o futuro começa sempre amanhã e ... vai ser melhor.
Viva 2010!
Bom Ano para todos!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

Começa assim:

Toda a vida, antes da doença e durante a doença, a minha mãe contou-nos e contou-nos

- Oiçam isto

que em pequena a minha avó acompanhava a minha bisavó de visita a senhoras que moravam em andares antigos na parte antiga de Lisboa, salas e corredores numa penumbra perpétua onde as pratas e as loiças a seguiam e a minha avó com dez ou onze anos a pensar

- Como esta casa deve ser triste às três horas da tarde (...)

E acaba, como verifiquei hoje ao chegar ao fim:

(...) a ouvir e não são as ondas que oiço, é o silêncio no interior das ondas e as vozes que me acompanham desde sempre e mal as vozes se calarem levanto-me e regresso a casa. Quer dizer não sei se tenho casa mas é a casa que regresso.

Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?
António Lobo Antunes
D. Quixote (2009)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Palavras bonitas

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido ...

Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave ...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

Obra Poética 1948-1988
David Mourão-Ferreira
Editorial Presença (1997)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Natal

Estamos quase lá, num ano em que muita coisa aconteceu, incluindo a avaria, costumada cá na casa, de um electrodoméstico. Calhou em sorte a máquina de lavar louça, cuja substituição deverá acontecer daqui a 2 dias, com a entrega da nova, entretanto adquirida.

Neste ano, para além de não poderem comprar electrodomésticos novos, haverá muitos que não terão bacalhau, cabrito, filhós, prendinhas e tantas outras coisas. Para esses a voz, grande, de Zeca Afonso, porque o difícil é fazer simples.

Feliz Natal para todos !!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dança o cão, dança o gato, dança o feijão carrapato

Cheguei há pouco.
Cumprido o ritual da ida à caixa do correio, do telefonema para saber novas do meu antigo, da libertação do casaco, da gravata e dos sapatos, a pausa, merecida e necessária, folheando a Visão.
Hoje é dia de António Lobo Antunes e mergulho na crónica, sem hesitações ou cautelas.
Tem a ver comigo?! Disparate, só possível pelo cansaço do final do dia. Pensando melhor, talvez por sermos quase da mesma idade, a escrita contenha temas que eu poderia (?!) escrever ... "mas não era a mesma coisa".
Como é possível escrever tão simples ... e tão bem:
" (...) Diziam-me isto, em criança, e eu adorava. Voltou-me hoje à ideia, passado tanto tempo. Tanto tempo, uma ova: era menino, limitei-me a piscar os olhos e fiquei como agora.
Entende-se a maldade? Eu não entendo. Piscar os olhos é um instantinho, que raio de merda aconteceu? Mascararam-me com rugas, cabelos brancos, vontade de ir mais cedo para casa. Brincadeira de mau gosto, a idade. (...)

domingo, 15 de novembro de 2009

Adágios

Quando o mar bate na rocha ... quem se lixa é o mexilhão!

Foz do Arelho - 15.11.2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Palavras bonitas

IMPRESSÃO DIGITAL

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns. 

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
 
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
 
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

Poesias Completas (1956-1967)
António Gedeão
Portugália (1975)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Mobilidade

O "fotógrafo" passou por lá e registou... na Rua Ilídio Amado, junto ao Centro de Artes, local aprazível, que convida ao passeio, à meditação e que, nesta altura, tem medronhos muito saborosos, uma paragem do TOMA, que ocupa o passeio e mal deixa espaço para a passagem de uma pessoa.

Carrinhos de bébé e cadeiras de rodas terão de utilizar a estrada, com os perigos e os inconvenientes que daí decorrem.

Para corrigir, teria sido suficiente recuar dois metros e eliminar um dos lugares do estacionamento, que raramente estão ocupados.

A (in)sensibilidade a marcar pontos!

domingo, 18 de outubro de 2009

Domingo de Outono


Não há vento, o sol pinta o mar de verde esmeralda (ou será azul marinho?), as ondas da maré vazia espraiam na areia, quase pedindo desculpa por a molestarem. É a Foz no seu melhor ... mas estamos em meados de Outubro!

Linda manhã!

E que bem que soube o mergulho e as braçadas no Atlântico com temperatura de Julho.

Refrescaram-se as ideias, esqueceram-se os problemas, leram-se uma páginas, passeou-se na areia e ouviu-se a "sinfonia marítima", no sossego de uma sala quase sem espectadores.

sábado, 17 de outubro de 2009

Palavras bonitas

DEPOIMENTO

Deponho no processo do meu crime.
(Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz).
Juro
Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
Merda ! - lembro-me bem.
- Crianças ... - disse alguém
Que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletrar
O vocábulo indecente,
E de repente,
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente,
Vi que a letra era minha ...

Câmara Ardente
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1995)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

Não serve de desculpa para a ausência do Blog, mas (também eu) estou a ler o 2666, ainda que há muito pouco tempo.

Das 1030 páginas, li pouco mais de 100! A empreitada pressupõe tempo e paciência ... espero que compense!

"Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? " está na fila, mas, para este, é preciso, para além do tempo, que os níveis de concentração voltem ao normal e que a "pinha" esteja desocupada.

Voltando ao 2666: peguei-lhe há pouco, aproveitando um pequeno espaço, e deparei com a descrição que abaixo reproduzo a qual, pasme-se, versa um assunto que tinha sido tema na conversa de hoje em casa do meu neto.

"(...) Durante muito tempo esqueceram-se das suas viagens semanais a Londres. Esqueceram-se de Pritchard e da Górgona. Esqueceram-se de Archimboldi, cujo prestígio crescia à margem deles. Esqueceram-se dos seus trabalhos, que escreviam de forma rotineira e desabrida e que mais do que trabalhos seus eram dos seus discípulos ou de professores auxiliares dos seus respectivos departamentos recrutados para a causa archimboldiana à base de vagas promessas de contratos como efectivos ou aumentos de salário.(...)

2666
Roberto Bolaño
Quetzal (2009)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

Quando a vontade de ler se desvanece, quando a concentração se dispersa, quando o ouvido é massacrado de "barbaridades" sem nexo, "marketizando" o que devia ser sério, com meias verdades a ilustrarem as realidades, o folclore demagógico servido na bandeja da propaganda, coloco no aparelho o CD "Longe daqui", de Pedro Barroso, pego em Torga e "desapareço".

"(...) Tropeçar? Não aguentar a carga? Se fosse apenas isso! Embora pessimamente dormido e com a barriga vazia, nem as pernas lhe quebravam às primeiras, nem três sacos de centeio lhe faziam mossa. Os aborrecimentos que temia eram doutra natureza ... Qualquer encontro desagradável, por exemplo ...

Nem de propósito! Ele a pensar no mal, e a ponta de um uivo tenebroso a furar-lhe os ouvidos.

Um arrepio fundo percorreu-lhe o corpo. E, a seguir, todo ele ficou hirto, frio, pregado ao chão, num pânico mortal. Obra de um segundo, apenas. O justo tempo de a arreata ficar esticada entre a mão que a segurava e o argolão do cabresto. É que reagiu logo. Que diabo! Ia ali quem o defendesse ... Não havia razão para um terror assim!

Mas o dono, enigmaticamente, recuava. Aos poucos, encurtava os passos e chegava-se ao seu bafo. Mau! ...
Novo uivo, quase sobre eles, fendeu a noite. E ambos, agora como se fossem um só, de tão cingidos, se puseram a pisar o chão ao de leve, encolhidos no bioco da noite, com a respiração suspensa.(...)"

Bichos
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1995)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Palavras bonitas

Para o meu filho, que hoje fez 28 anos, a poesia e o mar ... da Foz!

 
E POR VEZES

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

Obra Poética 1948-1988
David Mourão-Ferreira
Editorial Presença (1997)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

"(...) Com o pensamento, estou do outro lado do mundo, ultrapassei o vento e o mar, deixei para trás os cabos e as ilhas onde vivem os homens, onde nos prenderam. Como um pássaro, deslizei rente à água, seguindo o vento, na luz e na poalha do sal; aboli o tempo e a distância e cheguei ao outro lado, onde a terra e os homens são livres, onde tudo é realmente novo. Nunca tinha pensado nisso antes. É um espécie de embriaguez, porque naquele momento não penso em Simon Ruben, nem em Jacques Berger, nem mesmo na minha mãe, nem sequer no meu pai, desaparecido no meio das ervas altas acima de Berthemont; não penso no barco nem nos fuzileiros que andam à minha procura. Mas procurar-me-ão mesmo?

Não terei desaparecido para sempre por sobre o mar, suspensa no meu esconderijo de rochas, no meu ninho de pássaro, com o olhar fixo nas águas? O meu coração bate serenamente. Já não sinto medo, já não sinto fome, nem sede, nem o peso do amanhã. Sou livre, tenho dentro de mim a liberdade do vento e da luz. É a primeira vez.(...)"

Estrela errante
J.M.G. Le Clézio
D. Quixote (2008)

domingo, 9 de agosto de 2009

Nostalgia

O saibro ainda se mantém, alaranjado, contrastando com o verde do buxo ratinho que circunda os canteiros. O caramanchão das Strelitzia está enorme e adivinha-se a beleza que apresentará quando os bicos de pássaro mostrarem os seus amarelos, laranjas e azuis, a encimarem o verde dos seus caules. A cameleira lá permanece, de guarda ao portão do jardim, a marcar o início da beleza que vai surgir.
O vento, agreste, produz o mesmo som nas copas, bem altas, das árvores centenárias. Nos loureiros, os melros devem estar bem aconchegados, à espera que a perturbação passe e o dia clareie. Sente-se que os pardais estão lá bem no alto das palmeiras, atentos a tudo o que se passa.
A relva está fofa, o cenário montado, as cadeiras no lugar e as gentes importantes com o lugar nas cadeiras.
As luzes focam a casa onde se guardavam as alfaias. Quase de certeza que, agora, outro mimoso nela se resguardará da chuva.
Já não há caracóis ao fim da tarde, nem tão pouco coelho, grelhado, apanhado desprevenido no seu regresso à lura.
Sobem-se as escadarias, agora em passo lento, e recordam-se aqueles mesmos degraus, subidos dois a dois, sem qualquer dificuldade.
Não se vêem coelhos, nem perdizes, nem o jardim das rosas, o espaço das framboesas, o cantinho dos espargos.
Era de noite ...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Placas e erros


Compreende-se que a pressa de inaugurar não tenha permitido uma revisão do texto da placa mas, caramba, mais de um ano decorrido, e a face do acrílico continua por requalificar e à espera que a fase da correcção chegue!
Espero que não estejamos numa fase de prospecção de novo acordo ortográfico e que a face do Algarve se mantenha bem limpa e melhor arrumada.
A fotografia é de má qualidade, por manifesta incompetência do fotógrafo e pela pouca ajuda que o telemóvel deu.
P.S. - O meu amigo Artur G., residente na capital algarvia, não tardará a dar uma saltada a Albufeira para confirmar e, quiçá, mover as suas influências para que o erro seja corrigido.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Adágios

Qualquer bocadinho acrescenta, disse o rato, e fez chichi no mar.

Provérbio húngaro, mencionado por António Lobo Antunes no prefácio de uma recente edição (Dom Quixote) do livro "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad.

domingo, 12 de julho de 2009

Figurantes e figurões

Em Junho de um qualquer ano não muito longínquo, a empresa pública paga os subsídios de férias a todos os seus funcionários.
O ilustre gestor, recentemente nomeado, estranhou não ver na sua conta o correspondente crédito e, preocupado com o bom funcionamento dos serviços, pediu à secretária que indagasse das razões de tal lapso. Não que o preocupasse a falta do seu, mas a possibilidade de haver empregados, com mais necessidade, a quem tivesse acontecido o mesmo.
Efectuado o contacto para a Direcção de Vencimentos, obteve-se a informação de que o senhor administrador não tinha direito a subsídio de férias nesse ano, por já o ter recebido na anterior empresa e a lei não permitir o recebimento de dois subsídios de férias no mesmo ano. Quando muito, haveria lugar a acertos, se o subsídio recebido fosse inferior ao que teria direito na nova empresa. Aguardava-se que a anterior comunicasse o valor exacto que havia pago.
- Quero falar com esse funcionário tão zeloso. Que venha cá imediatamente!
O subsídio foi pago por determinação expressa do senhor administrador ...
Pouco tempo depois, numa oportuna reestruturação de serviço, o funcionário foi transferido da Direcção de Vencimentos (onde trabalhava há mais de 30 anos), para o Departamento de Marketing, onde deveria continuar se, entretanto, não tivesse passado à reforma.
Nunca mais aborrecerá um figurão com essas minudências da lei.

domingo, 5 de julho de 2009

Palavras bonitas

(Para o meu neto ler e interpretar, quando o conseguir. Fez hoje 3 anos.)

PERENIDADE

Nada no mundo se repete.
Nenhuma hora é igual à que passou.
Cada fruto que vem cria e promete
Uma doçura que ninguém provou.
Mas a vida deseja
Em cada recomeço o mesmo fim.
E a borboleta, mal desperta, adeja
Pelas ruas floridas do jardim.
Homem novo que vens, olha a beleza!
Olha a graça que o teu instinto pede.
Tira da natureza
O luxo eterno que ela te concede.
 
Libertação
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1978)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Naveg@ndo pelo Oeste

Joana Leite Silva dedica a sua coluna da Gazeta das Caldas à Casa da Ginja, analisando, com demasiada benevolência, alguns dos seus conteúdos e enfatizando esta aventura, que mais não é do que uma catarse regular das marés que o quotidiano transporta.
Por razões diversas, entre as quais uma noite mal dormida no "hotel" do Serviço Nacional de Saúde, ali bem encostadinho à Mata Rainha D. Leonor, só hoje tive oportunidade de ler o texto.
Na contabilidade da semana que passou, pareceu haver mais "baixas-mar" do que "marés-cheias", mas só pode ser "ilusão de óptica". Tal como dois e dois são quatro, a seguir à baixa-mar vem sempre a maré cheia, ainda que por vezes não pareça. Só há que aguardar ... ( O senhor de La Palice não faria melhor)
Naturalmente que a Casa agradece (e muito) a referência na coluna da Gazeta e, embora não "embandeire em arco", fica com o "ego" mais forte e com vontade de continuar ...
P.S. - Já alterei o "cabeçalho" do Blog. A rua, depois de promessas com mais de 10 anos, passou a ter, desde Abril, um único sentido de trânsito.

sábado, 20 de junho de 2009

País difícil

De manhã, o barbeiro, comentando a SIC Notícias:
" O melhor era que as eleições fossem todas no mesmo dia: as autárquicas, as dos deputados e ... as do Benfica. Havia muito mais gente a votar ..."
À tarde, no Expresso, Miguel Sousa Tavares, põe, uma vez mais, o dedo na ferida:
"... A mediocridade há-de sempre querer que o nivelamento se faça por baixo. Há-de sempre querer afastar critérios que assentem no mérito, no trabalho, no talento, na honestidade, nos valores. O que distingue um país com futuro de outro que o não tem é justamente o desfecho desse embate. Em Portugal premeia-se o absentismo e a rotina; desculpa-se a incompetência e aceita-se resignadamente a burocracia e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a ausência de valores éticos a todos os níveis e trata-se socialmente por senhores os que nada mais são do que bandidos; condecora-se o triunfo empresarial por favor político; perdoam-se os impostos e os crimes fiscais aos grandes vigaristas, enquanto se persegue implacavelmente o pequeno e honesto devedor ou aqueles que mais impostos pagam e que não fogem ao fisco; arquivam-se os crimes que são difíceis de investigar e tortura-se a mãe da Joana, transformando os responsáveis em vedetas mediáticas; consente-se o indecoroso tráfico de influências entre o poder político e a advocacia de negócios e pretende-se calar o bastonário dos advogados que, à revelia dos bons costumes, denuncia o que todos sabem ser verdade."
Apesar do pessimismo de MST, continuamos a assistir a grandes mudanças, que contribuirão, e muito, para um futuro risonho: Paulo Rangel ainda não foi para Bruxelas e já encara a possibilidade de voltar, para dar uma mãozinha; Elisa Ferreira irá ou não, de acordo com a vontade que há-de ser expressa pelos portuenses, no referido tal dia; Valentim Loureiro, apesar das cabalas da Judiciária, há-de ser reeleito "alcaide" de Gondomar, por que não é arguido; o mais provável é que a Isaltino Morais aconteça o mesmo; cá pela cidade, também já temos a garantia da continuidade ... e a certeza de que, afinal, existem uns quantos que, pensando e agindo por nós, nos assegurarão o futuro.
Portugal continua no seu melhor ...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eleições

Aconteceram, ontem, para o Parlamento Europeu.
Uma vez mais, as ausências foram bastante superiores aos participantes, sendo obrigatória e urgente uma reflexão, da parte dos eleitos, sobre a sua efectiva representatividade.
Mais de sessenta por cento dos eleitores inscritos não puseram os pés nos locais de voto, uns por não lhes apetecer, outros por terem sítios mais apelativos para visitar, alguns por protesto, bastantes por comodismo e uns quantos (não se sabe o número) por, embora mantenham a sua inscrição nos cadernos, já não pertencerem ao número dos que podem influenciar os resultados.
Trinta e cinco anos após se ter conseguido o direito de votar, causa alguma "comichão" verificar que, mais coisa menos coisa, apenas um em cada três cidadãos votou para o Parlamento Europeu.
Espera-se que os partidos corrijam o tiro e apareçam com linguagem clara e esclarecedora, capaz de mobilizar a grande maioria, deixando o discurso "politiquês", redondo e inócuo, que premeia a incompetência subserviente e elege como inimigo quem ousa tentar discutir ideias.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Análise


Se fosse convidado para um dos muitos debates que, sobre o caso BPN, se têm realizado nos vários canais televisos, o Zé diria:

- Ao "puxar a brasa à sua sardinha", Oliveira e Costa mostrou que "quem mente nunca acerta".
No Tribunal da opinião pública, Dias Loureiro não consegue demonstrar que "quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado vem" e confirma a Cavaco que "amigos, amigos, negócios à parte".
Cadilhe, entretanto, evita "rir do mal do vizinho, que o seu pode já vir a caminho", embora o seu PPR esteja, em princípio, a bom recato e protegido pela legislação criada por ele próprio, quando era Ministro das Finanças.
Apesar de todas as modernices, parecem não restar dúvidas que, como sempre, "quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão".

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Geni e o Zepelim

Hoje, bem cedo, num apontamento de António Macedo intitulado "as canções da vida" de pessoas que convida para essa escolha, a Antena 1 recordou a Geni, de Chico Buarque.

Composição gravada há cerca de 30 anos no album Ópera do Malandro, faz parte de um espectáculo musical com o mesmo nome, com inúmeras representações no Brasil e que tive a felicidade de ver, há alguns anos, no Coliseu dos Recreios.

Recentemente, no CCC, revisitei a genialidade de Chico Buarque, assistindo ao musical Gota d'Água que, sendo um bom espectáculo, não atinge o esplendor e a beleza da Ópera.

Abreviando e voltando ao início: a Geni é fabulosa e mantém, apesar dos seus mais de 30 anos, toda a actualidade. Estão lá os preconceitos, a ingratidão, os fins a justificarem os meios, "qualidades" que, por cá, se vão mantendo em abundância.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Desemprego

Um contrato que não se renova e mais um a engrossar a longa lista, que pode ter erros, omissões, deficiências informáticas, registos perdidos, mas é cada vez maior.
O posto de trabalho justifica-se e a substituição impõe-se.
A empresa de trabalho temporário resolve o problema: coloca a "mão-de-obra", com contrato mensal, sem férias, sem subsídios, sem perspectivas, sem horizontes, "carne para canhão".
Mais um posto de trabalho criado ... e novo.

domingo, 17 de maio de 2009

Fim de semana

O Museu José Malhoa foi remodelado.
Está mais bonito, arejado, afectuoso, até parece maior!
As ligações ao exterior dão-lhe uma profundidade e uma luz tão cativantes, que as obras expostas adquirem (ainda) mais vida própria.
A Vida de Cristo, de Rafael Bordalo Pinheiro, está agora num local nobre, os quadros sobressaem mais, as esculturas ganham vida nas ilhas que vão aparecendo ao longo do percurso.
A Matilde (posso tratá-la assim) está de parabéns. O trabalho e dedicação de uma vida àquela casa saltam à vista.
Amanhã é (mais um) dia de festa no Museu e hoje, Domingo, toda a gente que lá trabalha (Directora incluída) se afadigava nos preparativos, depois de, ontem, terem organizado uma noite no Parque, recreando o ambiente dos "Loucos anos 20".
Atravessado o Parque, um saltinho ao Centro de Artes e a primeira visita ao novo Espaço da Concas.
Vale a pena, pelos quadros e desenhos de uma artista prematuramente desaparecida e pela dedicatória implícita na única obra exposta que não é da sua autoria.
É bom passear nesta cidade.

Palavras bonitas

FRONTEIRA


De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente, doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui, o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia,
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.

Libertação
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1978)

terça-feira, 5 de maio de 2009

4' 52''

No interior de um mail parco em palavras, o endereço.
A curiosidade tinha sido aguçada por SMS, com um singelo "vai ao mail", sem quaisquer pistas sobre o enigma.
No assunto, um Ai, Jesus, que criou algum alvoroço e uma ligeira descompensação da máquina.
Pouco antes do contacto de rotina com os "frutos da Ginja", as novas tecnologias levaram-me ao cinema, no pequeno ecran do computador da secretária.
E vi, vi de novo, tornei a rever hoje; um pequeno documentário, um "thriller" de uma grande metragem que está a ser realizada e vai dar um grande filme!
E que belo é o cinema ...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aniversário

Comemoro o meu aniversário natalício no Dia da Liberdade, que o não era quando vim ao mundo.

A casualidade faz com que as pessoas das minhas relações se lembrem, num dia tão importante, desta coisa comezinha que é o meu dia de anos.

Uma vez mais, neste ano, foram inúmeros os contactos que recebi, pelas mais variadas vias.

De entre eles, destaco o do meu amigo Artur G., com quem não estou, pessoalmente, há mais de 40 anos. Utilizando o correio electrónico que serve de ligação regular entre o Oeste (onde eu estou) e o Algarve (para onde ele "emigrou"), enviou um vídeo que me trouxe à lembrança muitas coisas que nos foram comuns, nos anos idos da juventude: a música francesa, a procura do saber (o Artur foi bem mais persistente e hoje é distinto professor universitário), o "sei tudo", sem quaisquer dúvidas, o desejo do futuro (melhor), a compreensão de que, afinal, ainda hoje "faz um tempo muito bonito" e todos os dias se aprende.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Palavras bonitas

TROVA DO VENTO QUE PASSA (Incompleta)
 
Pergunto ao vento que passa
Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
E o vento nada me diz

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
E os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas. … 

Pergunto à gente que passa
Por que vai de olhos no chão.
Silêncio – é tudo o que tem
Quem vive na servidão. …

E a noite cresce por dentro
Dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
E o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.

30 Anos de Poesia
Manuel Alegre
D. Quixote (1995)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

Numa época em que tão maltratada é a nossa língua, um pequeno exemplo de como é possível, com a arte de quem sabe, pintar um retrato com o óleo das palavras:

"... Era o nosso mesmo quartel-mestre da véspera, com o seu quê de sargento e de arrais, brutamontes quando imóvel, desengonçado a andar, olhos pequenos e muito negros inseridos à verruma no rosto de largos planos, descerrando uma acuidade suspeitosa quando fitavam. Tinha uma larga e peluda manápula, dedos grossos, patorra comprida e achatada, quase barbatana, como é próprio dum lobo do mar. Primava pela barba turca, tão retinta que, depois de escanhoado, quedava a salpicar-lhe a tez uma escumilha de azeviche que nem vaporizada à pistola. Pois que fora marítimo quando moço, resultara daí conservar maneiras assimétricas e a brusquidão de quem medrara sobre o balancé dos saveiros e ao encontrão dos homens das companhas. Por outra, nada mais natural que a forma mal esfalcada do tronco e toda a sua rudeza primitiva espirrassem dos alinhavos brancos do latim e das letras que assimilara tão de afogadilho..."

Um escritor confessa-se
Aquilino Ribeiro
Bertrand (2008)

sábado, 11 de abril de 2009

Palavras bonitas

MÁQUINA DO MUNDO

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta da nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

Poesias Completas (1956-1967)
António Gedeão
Portugália (1975)

P.S. - No rescaldo da visita à Turquia, a constatação, de novo, de que somos todos iguais, com as diferenças de cada um.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Férias

Vou pôr as baterias à carga e ver como vivem os turcos ...
Volto já, para as amêndoas !!!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Livros (lidos ou em vias disso)

"(...) Razões afins levarão um dia a que, no algarve, como alguém terá o cuidado de escrever, toda a praia que se preze, não é praia mas é beach, qualquer pescador fisherman, tanto faz prezar-se como não, e se de aldeamentos turísticos, em vez de aldeias, se trata, fiquemos sabendo que é mais aceite holiday's village, ou village de vacances, ou ferienorte. Chega-se ao cúmulo de não haver nome para loja de modas, porque ela é, numa espécie de português por adopção, boutique, e, necessariamente, fashion shop em inglês, menos necessariamente modes em francês, e francamente modedeschäft em alemão. Uma sapataria apresenta-se como shoes e não se fala mais nisso. E se o viajante pudesse catar, como quem cata piolhos, nomes de bares e buates, quando chegasse a sines ainda iria nas primeiras letras do alfabeto. Tão desprezado este na lusitana arrumação que do algarve se pode dizer, nestas épocas em que descem os civilizados à barbárie, ser ele a terra do português tal qual se cala. (...)"

A viagem do elefante
José Saramago
Caminho (2008)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Assembleia da República

A Assembleia da República passa a ser, a partir de hoje, o Parlamento com a Sala Plenária mais moderna do mundo, na sequência de uma remodelação que custou cerca de 4 milhões de euros.
Para além do orgulho que sentimos por termos algo (para além do Cristiano Ronaldo) que é mais do mundo, estamos certos que o investimento tecnológico contará, entre as suas aplicações, com um corrector ortográfico/gramatical que irá ajudar os nossos deputados na redacção das leis, impedindo, desta forma, que o Procurador da República volte a sentir autoridade para lhes dar algumas "palmatoadas".

domingo, 22 de março de 2009

Premonição ou falta de rigor


O Expresso desta semana noticia que a Bordalo Pinheiro está quase vendida, informando que a Visabeira deverá "salvar da falência um dos ex-libris das Caldas da Rainha", o que transmite alguma esperança de continuarmos a ter, na cidade, o fabrico dos "bonecos" de Rafael Bordalo Pinheiro.
Contudo, a meio da notícia, ressalta uma nova fonte de preocupação, motivada pela frase " O presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Fernando José da Costa, apenas sabe que estão a decorrer negociações."
Estará iminente a transferência de Fernando Costa para Óbidos? A Bordalo seguirá o exemplo da Janela e instalar-se-á no novo parque industrial de Óbidos?
Estou convicto que a gralha pousou no Expresso, talvez motivada pelo matraquear do marketing obidense.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Adágios

Do quotidiano:

  • "Bem prega Frei Tomás! Faz sempre como ele diz, nunca como ele faz!"

  • "Presunção e água benta, cada um toma a que quer!"

  • "Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu."

segunda-feira, 2 de março de 2009

Palavras bonitas

DESPEDIDA

Volto-me e são brancos
os cavalos.
O trigo novo, a música
dos nomes, o tempo da flor,
tudo isso passou.
Mas a terra brilha
como quem não conhece a morte.
Volto-me, os pombos regressam.
Tu já não estavas
e só eu
os vi chegar.

Poesia
Eugénio de Andrade
Fund. Eugénio de Andrade (2005)

domingo, 1 de março de 2009

Fim de semana

Está a acabar mais um, já com cheiro à Primavera, que Março trará consigo lá mais para o final.

Na sexta, após algumas dificuldades para parquear o meio de transporte, e uma descida tão rápida quanto permitia o risco de queda pela Calçada do Lavra ( o elevador está parado), mais um concerto de Bethânia, com o Coliseu "cheinho que nem um ovo". Elegante, mística, crente, preocupada, delicada, uma Senhora!

No sábado, na mesa de uma "tasca" na Maiorga, perto de Alcobaça, um galo guizado saboreado na companhia de bons amigos. Ao final da tarde, a chegada do neto, que por aqui (en)cantou até se saberem as (boas) notícias desportivas da Grécia.

Para não perder o treino, mais uma semana vai começar ... com o tempo ...


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Palavras bonitas

PERSPECTIVA
 
Olho a sebe de versos que plantei
Ao longo do caminho dos meus dias:
Tristezas e alegrias Enlaçadas
Como irmãs vegetais. Silvas e alecrim ...
O pior e o melhor que havia em mim,
Num abraço de arbustos fraternais.
Nada quero mudar dessa harmonia
De agruras e doçuras misturadas.
Pasmo é de ver a estranha maravilha.
Poeta que partilha
O coração magoado
Por presentes e opostas emoções,
Contemplo, deslumbrado,
O renque de vivências do passado,
Longo poema sem contradições.

Câmara Ardente
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1995)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Lagoa de Óbidos

As manilhas separaram-se e o seu conteúdo "mergulhou" na Lagoa. O acidente, dizem-me, aconteceu há quase 15 dias, mas a situação mantém-se.
(...)
Salta o esgoto,
cai o muro,
morre o porco
no monturo;
e no porto
o sussurro
dos navios
enche o escuro;
ardem corpos,
ardem blocos,
cresce o rio;
sobre os puros
e os impuros
tomba o frio
prematuro
do futuro;
grasna o corvo
que assistiu
a um outro
terramoto.
Terramoto,
te esconjuro!

Obra Poética
David Mourão-Ferreira 1948-1988
Editorial Presença (1997)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Adágio da semana

" O BOM FILHO À CASA TORNA "
Dos jornais:
Dias Loureiro vai voltar a ser ouvido na Comissão de Inquérito parlamentar ao BPN

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quotidiano

Nos arredores, não num cinema perto de si, mas numa localidade não muito longe da urbe.
- Que se passa contigo hoje?
- Dói-me o corpo todo, não me consigo mexer.
- ?! Caíste?
- Não. Agora durmo todo enrolado, num sofá pequenino.
- ?!
- Dormia com a minha mãe; arranjou um namorado, fui dormir com a minha avó. Há três dias, a minha avó também arranjou um namorado ...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Crise (6)

Por dever de solidariedade para com os mais pobres, parece que os impostos de quem recebe (e paga) mais vão sofrer um agravamento, situação que deve merecer a compreensão de quem, felizmente, pode dispender alguma ajuda em benefício de quem dela necessita.
Para que o "povoléu demagogo" não continue a dizer que só paga impostos quem trabalha por conta de outrém, poder-se-iam criar algumas medidas de excepção que contribuissem para minorar os buracos BPN, BPP e outros que estejam a chegar, e auxiliar quem, de facto, precisa.
Tendo presente a premissa e enquanto não fosse "decretado" o fim da crise, não deveria ser possível:
  1. Imputar na contabilidade das empresas almoços, jantares, dormidas e viagens dos seus sócios e quadros, salvo se de claro interesse para as mesmas, devidamente justificado;
  2. Contabilizar os custos das operações de leasing e renting de veículos automóveis, não imprescindíveis para a actividade empresarial;
  3. Atribuir cartões de crédito a quadros e contabilizar despesas confidenciais e não documentadas.

Não se resolveriam os problemas, mas seria dado um sinal de que é possível mudar alguma coisa e que não fique tudo na mesma.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Freeport


Se é mentira, os fins não justificam os meios e é perversa a forma como se inventa, manchando o bom nome com uma nódoa que, qual ferrete, permanecerá para sempre; se é verdade, a perversidade ainda é maior, pela desfaçatez com que se nega, assumindo uma imagem impoluta que, afinal, não existirá.
Como o "nim" tão do nosso agrado não é solução, urge esclarecer, para que os estilhaços não sobrem para o País, que respira com dificuldade e corre riscos de se eclipsar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

I have a dream


A esperança num mundo melhor nasceu hoje, do lado de lá do Atlântico.
Aguardada com ansiedade por quem acredita que é possível e com cinismo por aqueles (ainda muitos) que pretendem que mude alguma coisa para que tudo fique na mesma.
A crise talvez ajude ... a tomar medidas que diminuam o fosso e criem condições para que, se não for possível todos, a grande maioria seja considerada e tratada como GENTE.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Nós, por cá (SIC)

Pessimista ou realista? Visionário ou espectador atento? Fora do tom ... Medina Carreira, no seu melhor, a recordar Rafael Bordalo Pinheiro, a chamar a atenção para a santola sem recheio e para a diferença entre oferecer um quadro e receber um fato ...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Prestígio e poder

Com a segurança devida e um convite oficial, o antigo presidente do Banco Português de Negócios, Oliveira e Costa, saiu hoje da cadeia onde (por enquanto) se encontra detido, para efectuar uma visita à Assembleia da República.
Chegou, mirou, cumprimentou, ouviu e calou, saindo pouco tempo depois, no mesmo transporte público que havia utilizado na ida.
Terá escolhido a hora da visita, como há alguns anos fez Belmiro de Azevedo, ou essa foi determinada pelo protocolo da Assembleia, ouvido algum Conselheiro de Estado e o ilustre visitante?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Palavras bonitas

EIS-NOS AQUI

Eis-nos aqui, sentados à lareira
Do desespero.
O borralho ideal vai-se apagando,
Enquanto o vento da realidade
Sopra lá fora.
É esta a nossa hora
De amor
Ou de traição?
Porque fechamos todas as portas
Do coração,
Entanguidos de frio e de terror?
Se o temporal entrasse,
Talvez a labareda se ateasse
E nos desse calor ...

Cântico do Homem
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1974)