sábado, 6 de novembro de 2010

Crise e fome

Cumpridos os rituais de sábado - praça, almoço, "sestinha", flores - sento-me a ler o Expresso, também ele um ritual .
Televisão sintonizada no Mezzo, tenho em fundo Jazz num concerto do Jazz in Vienne 2010 (Liz Comb).
O Expresso actualiza-me as últimas sobre o orçamento, a crise, os arrufos e os entendimentos, os ditos e os seus contrários, o BPN, o BPP, as taxas de juro, as constantes indisposições dos mercados, o processo do homem da Protecção Civil que parece ter passado "a mão pelo pudim", etc., etc.. Nas páginas centrais do primeiro caderno surge, frio, o desenvolvimento da manchete: há escolas que vão passar a abrir ao fim de semana e nas férias para poderem minorar a fome de muitos dos seus alunos.
A música torna-se desagradável, o sofá desconfortável, o arrepio percorre-me o corpo.
Não foi este o país sonhado na época em que o sonho "comanda a vida".
Quase quarenta anos depois, interrogo-me: poderia e deveria ter feito mais para impedir que a incompetência, a selvajaria, a ausência de princípios e valores tomassem o poder e dele fizessem a sua "quinta", colhendo toda a "fruta" e deixando a grande maioria apenas à mercê dos caroços que os "iluminados" deitam fora?
Não sei a resposta ...

Sem comentários: