terça-feira, 3 de junho de 2008

Imaginação

Hoje, no regresso, já bem tarde, de mais uma jornada diária, pensei:
- Tens de colocar qualquer coisa no blogue, para não se perder o hábito!
Afinal, a imaginação, que já é pouca e arredia em circunstâncias normais, não quis correr o risco de se misturar com o cansaço e desapareceu.
Não sei se foi analisar o aumento dos combustíveis, a greve dos pescadores, as eleições nos Estados Unidos, ou se viajou para a Suiça, acompanhando a Selecção de futebol.
Verdade, verdadinha é que me fugiu ...
Espero que tenha ido para algum sítio onde faça qualquer coisa de útil ... por exemplo, dar uma ajudinha à Autoridade da Concorrência, para que o relatório sobre a cartelização dos preços praticados pelas gasolineiras apareça antes que o petróleo acabe !!!

1 comentário:

Artur R. Gonçalves disse...

Quando perdemos a capacidade de imaginar, o melhor é imaginar formas imaginativas de recuperar a IMAGINAÇÃO perdida. Dá sempre resultado. O segredo é acreditar que a imaginação está sempre ao nosso lado. Nunca nos abandona. Nós é que passamos grande parte do tempo distraídos e não a conseguimos ver ou imaginar. Refiro-me sobretudo ao mundo pouco imaginativo dos adultos. As crianças não conhecem esses estados de abandono e andam sempre de mão dada com a imaginação. É que «Quando uma criança nasce, nasce com ela toda uma capacidade infinda de imaginar, de ler. Porque imaginar é, de certa forma, a leitura do real e do irreal que dentro e fora de nós existe». Estas «palavras bonitas» são de Maria Alberta Meneres («Imaginação». Lisboa: Difusão Cultural, 1993), mas referem-se a todos nós, quando ainda temos a capacidade de imaginar a criança que existe no corpo de um adulto desprovido da capacidade de imaginar. O Saint-Exupéry desenvolve esta ideia de uma forma magistral no «Principezinho» (1946). A releitura deste texto dá-nos sempre respostas imaginativas às nossas dúvidas existenciais desprovidas de imaginação. Aos 9 anos, o Vítor Barrosa Moreira imaginava que «O amor é um pássaro verde num campo azul no alto da madrugada». A Maria Rosa Colaço publicou este e muitos outros exercícios de imaginação criativa na década de 60, em «A criança e a vida». Será que os meninos de então continuam a imaginar que «os anjos são meninos sem botas que dão cambalhotas nas nuvens», que «a vida são as meninas que estão lá fora a fazer rodas», ou que «as pessoas velhas são as que nos batem»? Nestes casos concretos, não me custa imaginar a resposta.