domingo, 18 de abril de 2010

A semana

Não sou dos que pensam que farmácia ainda se devia grafar com "ph", mas custam-me algumas "misturadas" cada vez mais frequentes e o tratamento que a nossa língua vai tendo.
Depois de uma trapalhada do "rapazola" que fez questão de afirmar a sua fidelidade ao Futebol Clube do Porto, numa audição parlamentar sobre uns negócios (escuros?) em que tinha intervindo na qualidade de Administrador (?) da Portugal Telecom,
surge um dos dois melhores gestores mundiais ( o outro é António Mexia, da EDP) a perorar, para os parlamentares do seu país, um "feijão com couves" digno de figurar nos compêndios da clareza de exposição e da sapiência erudita,
e, finalmente, um primeiro-ministro, numa tirada espectacular, a não conseguir fazer concordar o género e a dizer que "manso é a tua tia" quando qualquer analfabeto sabe que a tia só pode ser mansa, por que manso será (longe vá o agoiro) o tio.
Para uma semana em que recebi uma factura da EDP de mais de 2.600,00 Eur (viram bem, dois mil e seiscentos euros), "apenas" por um erro de digitação que nem um pedido de desculpas mereceu e que os Serviços Municipalizados das Caldas da Rainha me enviaram uma carta, registada, comunicando que "... após terem-se deslocado, já por duas vezes, funcionários destes Serviços Municipalizados ao local acima identificado afim de efectuar a leitura do contador, vimos por este meio informar que a mesma não foi conseguida. (...) Cumpre-nos informar que caso não se consiga proceder a esta leitura, o consumidor incorre na cominação da suspensão de fornecimento de água.(...), não está nada mal.
Pelo meio, a carta ainda tem referência a legislação e, majestática e imperiosa, transmite-me a ordem para estar presente num determinado dia, entre as 10 e as 12, na casa onde habito há mais de trinta anos, sempre a consumir água e a pagá-la, como é meu dever, em resultado das contagens efectuadas pelos respectivos Serviços.
Estou deprimido ... e confesso que me passa pela cabeça mandar fazer um downsizing ao país e estabelecer um contrato com uma das muitas empresas de trabalho temporário (ou aluguer de mão-de-obra), para um outsourcing que me permita substituir os responsáveis, por outros mais baratos, mais educados, mais eficientes e, sobretudo, cuja substituição possa acontecer sem qualquer dificuldade.

2 comentários:

J L Reboleira Alexandre disse...

Meu amigo compreendo a tua frustração. Depois de ouvir o Sr Dr da PT no seu discurso (preparado, espero) dizer que:

«foi atribuido e recebeu a atribuição» , sic, do Dragão de Ouro...

Se os administradores falam assim?

Note-se que não coloco no mesmo saco o Anglófono da mesma empresa!

Unknown disse...

Só agora, dando uma volta ao blogue,li este relato de bem falar, mal falar em português e fiquei muito surpreendido ao ler " downsizing" e "outsourcing", e pensei: como é que o amigo Rolando se desenrascaria para explicar aos leitores em português sem alterar o sentido da escrita, o final da mesma Há certamente palavras na língua de Camões para as substituir Respeitosamente Joaquim