domingo, 8 de julho de 2012

Carta aberta ao Ministro Miguel Relvas

Senhor Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares
Excelência

De acordo com as notícias desta semana, verifiquei que V. Exª. contribuiu para que as estatísticas do nosso Portugal nos apresentassem condignamente junto dos países que nos fazem companhia na União Europeia.

Já lá vai o tempo em que éramos conhecidos pelo analfabetismo e pelas limitações culturais endémicas. Agora, somos um país com uma população desenvolta, determinada, culta e com habilitações ao nível dos melhores.

O referido anteriormente é apenas a constatação de factos e isso, por si só, não justificaria que me dirigisse a V. Exª.. A razão que me leva a abusar do seu precioso e ocupado tempo surgiu-me por me parecer que, figurando nós já em belíssimo lugar, poderemos ser ainda melhores e, quiçá, atingirmos o primeiro lugar nas estatísticas do nível académico. Para isso, basta que V. Exª. emita uma "cartita" para cada um dos trabalhadores portugueses com um currículo pelo menos idêntico ao que permitiu a V. Exª. a obtenção duma licenciatura, grau académico tão importante quão necessário (para as estatísticas, mas não só ...), transmitindo-lhes como conseguirão ultrapassar a burocracia e a necessidade, mesquinha, de estudar para poder aprender e prestar provas, mostrando aquilo que se sabe.

Para que as coisas possam ser feitas com o rigor que se impõe, V. Exª. poderá exigir a todos os interessados na "cartita", que respondam a um breve questionário destinado a aquilatar o nível de conhecimentos de cada um e o curso mais adequado ao seu perfil.

Naturalmente que, vindo de V. Exª., esperar-se-á um questionário exigente, selectivo e verdadeiro... mas os trabalhadores portugueses estão bastante habituados a dificuldades.

Estou certo que a sugestão lhe agradará e lhe trará o reconhecimento de muitos milhares de portugueses, que deixarão de o assobiar e que irão votar em si, mal a oportunidade se lhes depare.
Fico aguardando que uma pausa nos seus inúmeros afazeres lhe permita analisar e aceitar a minha sugestão, disponibilizando-me para ajudar na redacção da "cartita", se a mesma for escrita de acordo com o antigo acordo ortográfico.

Para o questionário, sugiro que contacte o jornal "Público", com quem V. Exª. mantém excelentes relações, e obtenha dele um daqueles inquéritos de Verão, que satisfará plenamente o fim em vista.

Para garantir que as cartas serão entregues aos destinatários e que não haverá aproveitamentos indevidos em todo o processo, talvez seja conveniente a nomeação de um grupo de trabalho chefiado por aquele seu amigo das secretas, que me parece estar sem emprego e que deve ter o perfil adequado para tal.

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