UM DIA
Um dia, os rapazes serão louvados.
Hão-de passar entre multidões floridas.
Levarão riso na boca e os braços levantados.
Um dia, os rapazes hão-de ser punidos.
Pelos males que hão-de vir dos quatro pontos cardeais.
Terão latrinas derramadas nos portais.
Um dia esses heróis serão esquecidos.
Os seus nomes alinhados entre conchas e espinhas.
Hão-de constar de uns livros nunca lidos.
Mas um dia, este dia, será o dia do idílio.
Os rapazes ainda não desistiram de soltar os braços dos escravos.
E os escravos ainda não renegaram a cor dos cravos.
Ainda estamos no princípio desse dia.
Francisco Pontais - Poeta
Lídia Jorge
Os Memoráveis
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