Parece que foi ontem e já lá vão mais de 40 anos!
Hoje era notícia na rádio, logo pela manhã bem cedinho, que Vergílio Ferreira nasceu há 100 anos.
Foi um escritor que me fez companhia no início da década de 70, antes e durante o serviço militar.
Lembrei-me de vários livros e saltou a imagem de Nítido Nulo, de que gostei muito e, tinha a certeza, me fartei de sublinhar.
É estranha a memória: a "gaveta" mais antiga é nítida, a de ontem é nula.
Logo que cheguei fui à estante e lá estava: edição de 1972, da Portugália, cheio de sublinhados a lápis, como este:
"(...) Nos problemas que nos pomos e na antecipada solução deles, que é por onde um problema começa. Ou na não solução deles quando escolhemos problemas para a não terem.(...)"
ou este:
"(...)Ele já não fuma, esquecia-me, é um indivíduo sem vícios. São terríveis os homens sem um pequeno vício qualquer a atestar-lhes a fraqueza de seres humanos, a canalizar os vícios grandes.(...)"
e ainda este:
"(...) E outra vez os juízes, os carrascos, os energúmenos da razão - porque é que se há-de querer sempre ter razão? A razão é uma putéfia, abre a perna a quem lhe paga.(...)"
Vergílio Ferreira
Nítido Nulo
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