São doze as primaveras que hoje, lá pelas nove e tal da noite, o meu neto Dudu irá completar, com a memória da Roma que visitou e regressado à base, onde todos o esperam.
Como, por certo, a viagem lhe ficará na memória, por aqui se deixam palavras bonitas sobre a mesma terra, para que, talvez um dia, possa fazer comparações com as recordações.
ROMA
O belo rosto dos deuses impassível e quebradoA noite-loba rondando nas ruínasA veemência a musaColunas e colinasO bronze a pedra e o contínuoTijolo sobre tijoloA arte difícil e bela da pinturaA música veemente que assedia a almaO corpo a corpo do espaço e da esculturaOs múltiplos espelhos do visívelA selvagem e misteriosa paixão de CatilinaAs altas naves as enormes colunasOs enormes palácios as pequenas ruasA lenta sombra atenta e muito antigaO sucessivo surgir de fontes e de praçasVermelho cor-de-rosa muita pressaGesticular de gentes e de estátuasAzáfama clamor e gasolinaDo guarda-sol castanho a penumbra finaObra PoéticaSophia de Mello Breyner AndresenCaminho (2011)
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