ELDORADOGalhardo e galante,Um cavaleiro andante,Ora ao Sol, ora ensombrado,Há longo tempo seguia,Em alegre cantoria,Procurando o Eldorado.Porém, velho se fazCavaleiro tão audaz -E o seu coração, pesado,Se tolda - pois não achouTerreno por onde andouQue parecesse o Eldorado.E quando então, finalmente,Se depara, já descrente,Com um peregrino vulto -Lhe pergunta: <<Ó sombra errante,Diz-me tu, onde se ocultaO Eldorado distante?>><<Sobre as Montanhasda Lua,Descendo o Vale Ensombrado,Vai, galopa com bravura>>,Lhe responde a sombra escura,<<Se procuras o Eldorado.>>Obra Poética CompletaEdgar Allan PoeTinta da China (MMXXV)
Casa da Ginja
Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
sábado, 5 de abril de 2025
Palavras bonitas
quinta-feira, 3 de abril de 2025
quarta-feira, 2 de abril de 2025
Regresso
De regresso à base, tudo como dantes, até o quartel em Abrantes ... e a chuva, que parece ter ido de férias na mesma altura, voltou hoje. Invejosa!
Afinal, decorridos estes (poucos) dias de ausência, o problema de Montenegro mantém-se por esclarecer; Marcelo continua a comentar tudo e a pedir a paz entre a Federação de Futebol e o Comité Olímpico, cujos "comandantes" estão a dar lições de desportivismo sério e exemplar; o homem da popa amarela lá vai "tarifando" e "ordenando" o fim da guerra e dos livros de que não gosta.
Mas houve mudanças bem agradáveis: o jardim está mais florido, anunciando a chegada da Primavera; nas ginjeiras vão surgindo muitas folhinhas verdes; apareceram morangos bem vermelhinhos. Confirma-se, uma vez mais que, pelo menos em parte, "o mundo é composto de mudança".
sábado, 29 de março de 2025
sexta-feira, 28 de março de 2025
Arte
O corvo visita todos os lugares e acompanha as visitas. À falta de melhor, até as mãos erguidas em prece pela mão, brilhante, do artista, servem para descansar um pouco e apreciar uma grande paisagem museológica.
quinta-feira, 27 de março de 2025
Surpresa
Alguém imaginaria ser possível a capital do Algarve chegar à homónima do Azerbaijão antes de mim?
Mas chegou e por cá vai permanecer, sem visto nem passaporte.
quarta-feira, 26 de março de 2025
segunda-feira, 24 de março de 2025
Babosices
Vão ser mais de meia dúzia de milhares de quilómetros, cerca de uma dezena de horas no ar, quatro horas de diferença horária, uma civilização e um país completamente novos, com tudo o que isso tem de aventura.
Fácil não vai ser, mas vai valer a pena!
À espera, estarão filho e nora, e dois netos lindos, enormes, gentis, que serão abraçados sem "dó nem piedade", com as saudades que se foram acumulando desde o Natal.
A noite de hoje será, ainda, "portuga". A de amanhã trará sonhos em azeri.
sexta-feira, 21 de março de 2025
Dia Mundial da Poesia
A FORMA JUSTA
Sei que seria possível construir o mundo justoAs cidades poderiam ser claras e lavadasPelo canto dos espaços e das fontesO céu o mar e a terra estão prontosA saciar a nossa fome do terrestreA terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporiaCada dia a cada um a liberdade e o reino- Na concha na flor no homem e no frutoSe nada adoecer a própria forma é justaE no todo se integra como palavra em versoSei que seria possível construir a forma justaDe uma cidade humana que fosseFiel à perfeição do universoPor isso recomeço sem cessar a partir da página em brancoE este é o meu ofício de poeta para a reconstrução do mundoO nome da coisasSophia de Mello Breyner AndresenCaminho (2004)
quinta-feira, 20 de março de 2025
Livros (lidos ou em vias disso)
"(...) Viver será também a nossa contribuição privada para a estatística? E por que os jogos exercem sempre um fascínio tão grande? E a guerra, será ela o jogo dos jogos? <<A guerra é inimiga do desenvolvimento sustentado>>, gritava kota Venâncio já fora de si. <<Não, ó kota, nem pensar>> interpelava-o Samuel Zau a fazer cócegas à inteligência. <<Este é apenas um país em que a morte está muito concorrida, mas isto passa>>. E, Zico, alheado da discussão, espreitando da linha de fundo, entregava-se a outro dos seus passatempos preferidos, que era encontrar relações secretas entre a vida e a matemática. A vida é uma curva num espaço de n dimensões ou será uma série convergente composta por termos lineares? Sim, uma série convergente, talvez seja isso. Serviço mais aulas mais Mity mais casa mais cinema mais amigos mais festas mais o Homem-Jibóia mais discussão sobre a guerra, tudo isso não seria uma série de Fourier? <<E sabes que mais>> gritava kota Venâncio <<a minha esperança, a minha última esperança é que, com o desenvolvimento da sociedade, a guerra se converta num tabu, é a única forma de acabar>>. Pausa geral. <<Um tabu? Explica lá isso, ó kota, troca-me essa abstracção por miúdos>> contrapunha Samuel Zau. <<Sim, um tabu>> repetia o kota Venâncio Seboleiro. Fez uma pausa, inspirou o ar da tarde morna. <<Se olhares para a evolução das sociedades chegou um período em que o incesto, em função dos resultados negativos que produzia, foi banido, virou um tabu e pronto, a endogamia acabou. Agora explica-me por que isso não pode suceder com a guerra?>> interrogava o kota, acentuando com clareza a pertinência do argumento. Mas Samuel Zau não estava convencido, <<Ó kota, isso não pode ... isso é mambo pesado ... a guerra faz parte da natureza humana... onde há homem há guerra... acabar a guerra é como pedir esmola a um ladrão ou pôr um vegetariano a chefiar um talho>>. E o kota, sempre em forma, a ripostar: <<Mas aí é que está o mambo. O incesto produzia algumas dezenas de crianças atrasadas numa sociedade mas a guerra produz milhares, a guerra trivializa todas as mutilações e afecta duas, três gerações, que se perdem completamente. Isto não é irracional?>>(...)"