quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Palavras bonitas

(Apropriadas à forma como correu o trabalho no dia de hoje)

FORMA DE INOCÊNCIA

Hei-de morrer inocente
exactamente
como nasci.
Sem nunca ter descoberto
o que há de falso ou de certo
no que vi.
Entre mim e a Evidência
paira uma névoa cinzenta.
Uma forma de inocência,
que apoquenta.
Mais que apoquenta:
enregela
como um gume
vertical.
E uma espécie de ciúme
de não poder ser igual.
António Gedeão
Poesias Completas
(1956-1967)
Portugália Editora

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