POEMA À MÃE
...
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio do laranjal ...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Poesia
Eugénio de Andrade
Fund. Eugénio de Andrade (2005)
1 comentário:
Este poema deixa-me sempre a lagrima...
grd bj para ti, e as saudades... essas sao eternas
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