terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Lagoa de Óbidos

As manilhas separaram-se e o seu conteúdo "mergulhou" na Lagoa. O acidente, dizem-me, aconteceu há quase 15 dias, mas a situação mantém-se.
(...)
Salta o esgoto,
cai o muro,
morre o porco
no monturo;
e no porto
o sussurro
dos navios
enche o escuro;
ardem corpos,
ardem blocos,
cresce o rio;
sobre os puros
e os impuros
tomba o frio
prematuro
do futuro;
grasna o corvo
que assistiu
a um outro
terramoto.
Terramoto,
te esconjuro!

Obra Poética
David Mourão-Ferreira 1948-1988
Editorial Presença (1997)

1 comentário:

Artur R. Gonçalves disse...

Palavras bonitas com cheiro a lixo...