domingo, 12 de julho de 2009

Figurantes e figurões

Em Junho de um qualquer ano não muito longínquo, a empresa pública paga os subsídios de férias a todos os seus funcionários.
O ilustre gestor, recentemente nomeado, estranhou não ver na sua conta o correspondente crédito e, preocupado com o bom funcionamento dos serviços, pediu à secretária que indagasse das razões de tal lapso. Não que o preocupasse a falta do seu, mas a possibilidade de haver empregados, com mais necessidade, a quem tivesse acontecido o mesmo.
Efectuado o contacto para a Direcção de Vencimentos, obteve-se a informação de que o senhor administrador não tinha direito a subsídio de férias nesse ano, por já o ter recebido na anterior empresa e a lei não permitir o recebimento de dois subsídios de férias no mesmo ano. Quando muito, haveria lugar a acertos, se o subsídio recebido fosse inferior ao que teria direito na nova empresa. Aguardava-se que a anterior comunicasse o valor exacto que havia pago.
- Quero falar com esse funcionário tão zeloso. Que venha cá imediatamente!
O subsídio foi pago por determinação expressa do senhor administrador ...
Pouco tempo depois, numa oportuna reestruturação de serviço, o funcionário foi transferido da Direcção de Vencimentos (onde trabalhava há mais de 30 anos), para o Departamento de Marketing, onde deveria continuar se, entretanto, não tivesse passado à reforma.
Nunca mais aborrecerá um figurão com essas minudências da lei.

2 comentários:

Artur R. Gonçalves disse...

Coitados dos figurantes com tais figurões.

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Com que então o zeloso empregado preocupou-se com ninharias! Sim que aquilo para o Sr gestor deveriam ser «peanuts».