sábado, 10 de março de 2012

Estórias

MOTE, EM NOTÍCIA

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, acusa José Sócrates de deslealdade política, no prefácio de mais um livro dos seus discursos. A acusação, feita em termos bastante violentos, é justificada por o antigo Primeiro-Ministro não ter dado conhecimento antecipado ao PR do conteúdo do PEC IV. Os factos passaram-se há mais de um ano, o PR não fez qualquer comentário público a tão grave desconsideração e não demitiu o então chefe do Governo.

GLOSA, EM FICÇÃO

No silêncio desconfortável do Palácio de Belém, na longa noite de insónia às voltas na mesma cama, Aníbal inicia um curioso diálogo com Maria:

- Há muitos anos, quando eu era chefe de turma na escola secundária de Boliqueime, um rapaz chamado José qualquer coisa - olha, não me lembro do apelido, tinha a ver com filosofia, Grécia, não, Grécia, Grécia, não, nós não somos gregos nem queremos ser como eles ...

- Deixa-te de entretantos e vai aos finalmente, para ver se me dá o sono ...

- ... Segismundo, Séneca, Scarlatti, que confusão, bem, não interessa, o rapaz, dizia eu, fez uma redacção e entregou-a ao professor sem ma mostrar, a mim, que era o chefe da turma.

- E tu, que fizeste?

- Nada. Aguardei que o tempo me fizesse justiça. E assim foi!
 
- ?!?!

- Pois! Passado muito tempo, voltei a encontrá-lo e escrevi no quadro:

- " Mamã, este menino bateu-me!"

- Ó Aníbal, que dizes tu? Dorme, que o teu mal é sono.

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