sexta-feira, 8 de março de 2013

Teimosia

Costumo dizer que uma das minhas poucas qualidades é ser muito teimoso. E é verdade: gosto de uma boa polémica, adoro contraditar, defendo as minhas ideias com toda a energia e convicção.

Vem isto a propósito de, esta semana, ter encetado uma discussão, pacífica, sobre o adjectivo "obrigado" e a forma correcta de o aplicar.

A A.L. defendia que o adjectivo devia ser utilizado no feminino se dito por uma mulher e no masculino, quando pronunciado por um homem. A R.R. contraditava, parecendo-lhe que o correcto era sempre "obrigado". O M.R. não tinha certezas e estava virado para a abstenção. Teimoso, eu argumentava que se devia dizer sempre "obrigado" e, para justificar o meu argumento, ilustrava com uma frase:

- A menina não se sinta obrigada a dizer obrigado sempre que lhe oferecem flores!

A A.L. mantinha-se irredutível. O seu professor de português tinha-lhe ensinado a regra, há muitos anos, e nunca se tinha esquecido.

Comecei a duvidar de mim e cedi:

- Quando chegar a casa, vou confirmar!

Hoje, logo pela manhã, enderecei este mail aos meus colegas:

" Bom dia
Rendo-me à evidência!!!
Penitencio-me do erro e congratulo-me pelo facto de termos discutido uma das coisas boas que temos: a nossa língua.
No Dia das Mulheres, confirmam-se, como sempre, os saberes de antanho: elas têm sempre razão e é estúpido quem as contraria.
O adjectivo “obrigado” deve ser utilizado no masculino ou na sua forma feminina (obrigada) consoante o sexo de quem o pronuncia. (Edite Estrela e outro cujo nome não me lembro) – “Saber escrever / Saber falar”
Para ilustrar a minha rendição, qual Egas Moniz, mas sem corda ao pescoço, umas rimas (mal) alinhavadas no “horário” (como se diz na Madeira) que me trouxe do Oeste profundo e inculto à capital dotada e sapiente:

És homem? Sê delicado
E agradece, cortês
Sempre com um "obrigado",
Pra falares bom português!

Porém, a recusa delicada
Da menina esbelta e fina,
Será sempre: não, obrigada,
Por a voz ser feminina! "

1 comentário:

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Com que então teimosinho. Mas olha que a nossa professora de Português era a mesma. Como a tua amiga, eu também nunca esqueci. Mas isso agora,é como aquela história do à e do há. Já ninguém liga. Coisas de velhos!
Abraço.