sábado, 25 de maio de 2013

Quotidiano

Ontem, perdi o metro por pouco.

Começava a descer a escada quando o silvo anunciou o fecho das portas e ... foi-se!

Vou no próximo. O aviso informa que faltam apenas quatro minutos.

Do saquinho retiro o último livro de Manuel Alegre - Tudo é e Não é - e continuo a leitura, suspensa desde a manhã, bem cedinho, na viagem inversa.

Chega a "cobra subterrânea".

Sai gente, muita, e no gesto há muito automatizado, entro,  quando o turbilhão de apressados me permite. Consigo encostar-me à porta do lado oposto, que é o sítio onde mais gosto de viajar e que, normalmente, me permite ler sem problemas.

Não ouço nada do barulho ensurdecedor que existe à minha volta. Tão pouco vejo ou reparo em quem quer que seja. Concentração absoluta, que o fim do capítulo está mesmo a chegar.

Acabou.

Levanto os olhos e ouço duas jovens (trinta, trinta e cinco anos):

- Ainda não me habituei bem, mas já consigo ler no ipad.

- Eu não sou capaz. Preciso de folhear o livro, sentir o papel...

- Mas é muito prático e muito mais barato. Estou a ler um, bem sei que é inglês, mas custou 3 Euros. Se fosse em papel, não custaria menos de 15.

Pois é! E o cheiro do livro? E o ritmo das folhas? E a capa? E o ritual da compra?

Na próxima semana vou à Feira do Livro. Só ainda não sei o dia!

Sem comentários: