Ontem, perdi o metro por pouco.
Começava a descer a escada quando o silvo anunciou o fecho das portas e ... foi-se!
Vou no próximo. O aviso informa que faltam apenas quatro minutos.
Do saquinho retiro o último livro de Manuel Alegre - Tudo é e Não é - e continuo a leitura, suspensa desde a manhã, bem cedinho, na viagem inversa.
Chega a "cobra subterrânea".
Sai gente, muita, e no gesto há muito automatizado, entro, quando o turbilhão de apressados me permite. Consigo encostar-me à porta do lado oposto, que é o sítio onde mais gosto de viajar e que, normalmente, me permite ler sem problemas.
Não ouço nada do barulho ensurdecedor que existe à minha volta. Tão pouco vejo ou reparo em quem quer que seja. Concentração absoluta, que o fim do capítulo está mesmo a chegar.
Acabou.
Levanto os olhos e ouço duas jovens (trinta, trinta e cinco anos):
- Ainda não me habituei bem, mas já consigo ler no ipad.
- Eu não sou capaz. Preciso de folhear o livro, sentir o papel...
- Mas é muito prático e muito mais barato. Estou a ler um, bem sei que é inglês, mas custou 3 Euros. Se fosse em papel, não custaria menos de 15.
Pois é! E o cheiro do livro? E o ritmo das folhas? E a capa? E o ritual da compra?
Na próxima semana vou à Feira do Livro. Só ainda não sei o dia!
Sem comentários:
Enviar um comentário