quinta-feira, 11 de julho de 2013

Palavras bonitas

(...) Além disso nós éramos a "família do Porto", gente sem precisão de gastar o corpo nos trabalhos do campo, ainda por cima com autoridade e paga pelo Estado. Éramos também a sua ligação com o sonho. E o sonho era tudo o que ficava para lá da serra de Bornes: as cidades que nunca veriam, as paisagens viçosas das províncias férteis da beira-mar, o oceano que lhes dizíamos ser imenso.
      - Imenso, como o céu? - perguntavam eles.
      - Não. Diferente - respondíamos nós.
Carinhosos, sorriam a perdoar-nos a tolice. Se não era como o céu, como poderia ser imenso?

Ernestina
J. Rentes de Carvalho

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