O almoço tinha sido animado pela cavaqueira habitual, pela "escrita em dia", pelas novidades nos cortes nas pensões de todas eles (só eu ainda trabalho), pelos netos, pelos achaques, a conversa habitual de quando nos juntamos para isto, sobre o pretexto de almoçarmos.
Desta vez ficamos pela cidade e, porque era sábado, havia cozido à portuguesa, que a todos apeteceu e deliciou. O Sr. Júlio, sempre delicado, preocupado em saber se estava tudo bem, se chegava, se queríamos mais hortaliça, ou carne, ou enchidos, inexcedível, como é seu costume. Conheço-o há bem trinta anos, e sempre foi assim.
No final, recolhi as notas dos dois outros amigos, nas "contas à moda do Porto" e fiquei em último, para pagar. A brincar, disse:
- Sr. Júlio, cuidado com esses dois ... são capazes de sair sem pagar!
- Convosco estou descansado, mas olhe que há cerca de 15 dias ... fiquei sem mais de 60 euros.
- ???
- Não tinha o multibanco a funcionar e pai, mãe e dois filhos foram levantar o dinheiro à máquina. Até hoje ... esqueceram-se de voltar cá! Fico aborrecido, zangado mesmo, por não ter recebido o que é meu, mas revolta-me muito mais a explicação que aqueles pais deram aos miúdos e os valores que lhes transmitem!
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