À secretária do gabinete da casa demolida, agasalhando-se na manta, fareja o relento da linhaça de que se fabrica o escaldante emplastro que lhe colocam em cima do peito, e procura distrair-se dos seus incómodos na esperança daquilo que no fim da doença se contém, e que consta destas linhas, (...)
Mas quando a bronquite se lhe assanha, faz-se necessário colar-lhe às costas aqueles copinhos de vidro com uma chama azul lá dentro, denominados "ventosas". E por mais que se controle não pode evitar os berros com que reage à tortura do fogo que lhe queima a pele, e os que o seguram recomendam-lhe calma, e enganam-no com esta frase, sempre a mesma,
"Pronto, pronto, já acabou!, pronto, pronto, já acabou!
Das ventosas nunca mais o velho ouve falar, nem das papas de linhaça, às quais dão também o nome de "sinapismos". De resto, e com o agravamento da sua bronquite, substituem-lhe estas mezinhas clássicas pela modernidade da penicilina, e submetem-no ao tratamento de choque que consiste em aplicar-lhe sete dezenas de injecções a intervalos de três horas, e tanto de dia como de noite. E já nem ousando gemer, consente entre enfado e sono nestas palavras que o humilham pela comiseração das suas misérias,
1 comentário:
Este trecho, deixa-me a meditar, tanto, tanto. Como vai longo o meu percurso!
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