Tinha lido algures, já não recordo onde, que o novo livro de Jaime Rocha versava a "Escola de Náufragos" da sua Nazaré.
Fiquei curioso e não descansei enquanto não o adquiri.
Lê-se de um folgo - 86 páginas - e o retrato das agruras da vila e da sua população está sempre presente.
Acaba assim:
"O mecânico olha para ela com compaixão. Por qualquer razão ainda gosta daquela mulher, daquele corpo que uma vez o deixou entrar na sua cama como se fosse ele o verdadeiro amor, na sombra de uma única noite.
O que vais fazer mulher, pergunta.
Trata dele, é teu, responde ela, entre dentes.
O mecânico ainda lhe toca nas mãos, tenta segurá-la, mas ela afasta-se do beco quase em fuga. O mecânico vê-a sumir-se, devagar, como um fantasma. Quando Mateus chega, encontra-o à sua espera.
A tua mãe foi-se embora para sempre, vai viver para o hospital.
Mateus não acredita e não diz nada. Sorriem um para o outro. O mecânico aponta para a casa.
Entra, diz ele.
Escola de Náufragos
Jaime Rocha
Relógio d'Água (2016)
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