sexta-feira, 4 de maio de 2007

Medo

O ciclo das estações do ano não deveria estar dependente do calendário da natureza e sim das necessidades dos seres humanos, em função das variações do seu estado de espírito.
Nesta altura, em que a Primavera já poderia estar bem instalada e a anunciar o Verão, aparecem uns sinais invernosos, que acabam por acentuar a depressão, o mau humor, a tristeza, e o pessimismo que, diariamente, vamos encontrando nas pessoas com quem se conversa um pouco.
Os comerciantes lamentam a diminuição das vendas e culpam as grandes superfícies, catedrais do consumo; os industriais queixam-se da concorrência desleal da China e do Leste e da falta de rumo do país; os empregados por conta de outrém vão pagando os impostos, o carro e a casa e constatam que o seu emprego é, cada vez mais, um estado de graça que pode terminar a qualquer momento. Verificam, ainda, que o aumento da taxa de juro se vai fazendo convidado regular nas suas refeições e se prepara para se tornar hóspede definitivo e comilão.
Entretanto, na Visão desta semana, o filósofo José Gil, termina o seu ensaio sobre o medo da seguinte forma:
"... O medo encolhe os cérebros, reduz o espírito, fecha os corpos. Está-se a formar um clima de medo. E o medo tem a particularidade de alastrar. Ao medo social de perder o emprego, de não subir na carreira, de perder as pensões, de não aguentar tanta pressão e constrangimento em tantos domínios, junta-se agora o medo de protestar, de falar, de se exprimir. O medo social está a tornar-se político: tem-se medo do Governo, e, talvez, um dia, do primeiro-ministro."
As encruzilhadas apresentam sempre vários caminhos alternativos, mas o retrocesso nunca será o futuro!

Sem comentários: