quinta-feira, 10 de maio de 2007

O António a dar corda à esperança

António Lobo Antunes, hoje, em mais uma belíssima crónica da Visão: "(... )Abandonei o livro em que trabalhava há sete meses (sete meses de doze horas por dia para o galheiro) porque não posso, por um lado, escrever antes de voltar a ser eterno (quando não estamos doentes somos eternos)
e por outro o meu mundo interior alterou-se de tal jeito que sou um homem diferente, e o homem que sou não pode continuar a prosa de um estranho. Fará prosa sua, necessariamente diversa. Uma parte minha segue às voltas com o imenso sofrimento pelo qual passei e me atormenta ainda, me dói ainda, me impede ainda a disponibilidade completa que um
(ia a dizer romance mas não são romances o que faço)
exige e consolo-me pensando nos dezanove livros que até hoje escrevi e chegam bem para me justificar a existência. Acrescentar-lhes-ei alguns mais? Sempre estive certo que sim, hoje não sei.
(...)"

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