quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril

No ano passado fiz aqui um matemático trocadilho com o meu aniversário redondo, cuja comemoração coincide, há trinta e oito anos, com a da liberdade em boa hora restaurada pelos militares de Abril, em 1974.
Os tempos de esperança apanharam-me com pouco mais de 20 anos, a cumprir serviço militar, ávido de fruir, de aprender, de crescer, de viver, com uma vontade indómita de contribuir para um país melhor, mais justo, onde o respeito pelas gentes fosse o lema, onde a arrogância do poder, qualquer um, não existisse, onde as portas do saber e da saúde fossem franqueadas a todos, independentemente do berço, do credo ou da cor.
Ainda não perdi os valores, já me vai escasseando a capacidade de conviver com a arrogância, a má educação, o desprezo com que, diariamente, convivo, "submetido" a gente eivada de convencimento da detenção da verdade absoluta, de argumentação fácil mas desprovida de lastro, que mascara ignorância e cheira a mofo.
Os anos trazem-nos comichão, irritabilidade, diminuem-nos a paciência e dão-nos a presunção, perigosa, de já não valer a pena ouvi-los, porque não sabem o que dizem nem dizem o pouco que sabem. 
Ao contrário do que esperava, temos uma nova geração com medo de exprimir ideias, de contraditar opiniões de outrem, a remeter-se ao silêncio, a ser subserviente, a ceder (e a pisar) com facilidade, a ser usada e abusada, a não ter futuro à vista.
Voltamos a ter uns quantos "iluminados", agora pela cola, que detêm a sapiência e, com ela, decidem e determinam hoje, o branco, amanhã, o preto, com a mesma ligeireza com que bebem o sumo e mastigam o croquete.
E o país, com oito séculos de história, a assistir e a achar normal!

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