segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ontem, hoje e amanhã

"Começar de novo e contar comigo,
Vai valer a pena ter amanhecido." 
(Ivan Lins/Vitor Martins)

Ontem soube que, no início do próximo ano, chegará mais um elemento à família. Por enquanto ainda não é possível determinar se será a menina para fazer o contraponto com os rapazes ou se será mais um destes. Aguardemos com a ansiedade que, apesar das experiências anteriores, uma notícia destas sempre traz. Passarão a ser quatro, cada um diferente do outro, todos motivo de orgulho e alegria para o avô babado.
Hoje fez quatro anos o neto Vasco. Fala "pelos cotovelos", quando lhe apetece; finge que não é nada com ele, quando o assunto não lhe convém; argumenta, de forma convincente, quando o tentam contrariar. Está um "homem", o meu Vasco!
Amanhã encerra-se um capítulo (mais um) da minha vida profissional. Deixo de ser bancário e passo a trabalhar para um Banco. Um pequeno pormenor que faz toda a diferença. É o progresso, estúpido!
Há 52 anos, curiosamente neste mesmo mês de Julho, recebi a minha primeira remuneração: 20$00 (hoje 10 cêntimos) por uma semana de trabalho, a anotar os valores dos contadores das bombas nas mudanças de turno, a fazer as contas dos litros de combustível vendidos e do respectivo valor, a passar as facturas mais simples, a anotar a ordem de chegada dos clientes para a estação de serviço, etc. O posto de abastecimento ainda existe, mas já não é Mobil. A nota de 20$00 era um "Santo António", novinho, que a patroa me entregou na segunda-feira, referindo que eu o tinha merecido e que, se assim  continuasse, talvez pudesse haver aumento lá mais para a frente. Entreguei a nota em casa, tal qual como a tinha recebido: sem uma ruga.
Nestes muitos anos que já levo, mudei várias vezes de emprego, fiz coisas diferentes, gostei mais de umas, apeteceu-me fugir de outras, procurei sempre ter brio, ser profissional, ainda que, por vezes, não tenha sido fácil. Em todas as mudanças, decidi sempre pela minha cabeça, recorrendo à opinião dos mais próximos mas reservando para mim a decisão final. Até para cumprir o serviço militar obrigatório, a decisão foi exclusivamente minha, uma vez que ponderei a deserção.
Desta vez e fruto dos tempos, alguém decidiu que eu era "transmitido", em conjunto com os computadores, os telefones, as secretárias, tudo de acordo com o Código do Trabalho e sem alternativa.
A decisão poderia levar ao mesmo resultado, mas gostava de ter tido opinião!
Dispensaram-me a gravata, o que, com este calor, não é de somenos importância.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que venham longos e felizes tempos, com serenidade e mimos, a quadriplicar.

R9 disse...

Deixa lá velhote, os teu netos acompanhar-te-ão numa reforma tranquila, feliz e merecida!
Que pena essas costas já não permitirem uma jogatana com os 4 netos ou brincar às bonecas com uma princesa...lá vais ter de por os teus dotes de leitor...a contar histórias....
Bjs pai e avô babado!