Saiu do emprego e aguarda-o a tarefa diária, que lhe deve dar muito prazer e, quase de certeza, o faz mais feliz do que o dia de trabalho burocrático concluído há pouco.
Deve ter em casa um pequeno armazém de alimentos para gatos, aos quais se dedica com grande afã e carinho, mas apenas aos da rua ou aos que a frequentam. Ainda antes das seis já mudou de roupa, pegou no carrinho das compras e lá vai ele. Corre as ruas do bairro, salta muros, invade quintais, compõe cartões que servem de abrigo ao frio das noites, muda a água dos recipientes, coloca comida nova. Os bichanos conhecem-no bem e esperam, ansiosos, a sua chegada, sentados à beira dos locais onde, sabem, o benfeitor aparece.
Lá pela hora do telejornal, regressa a casa, andando bem mais devagar do que no começo, cansado. O saco está vazio, o ego vai, de certeza, bem cheio.
Amanhã repetirá a tarefa!
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