domingo, 19 de outubro de 2025

Rescaldos e sonhos

Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu, dizia-me, muitas vezes, a minha mãe, ilustrando os que, mal sobem a escada, partem todos os degraus para que mais ninguém os possa apanhar.

Vivemos tempos de hipocrisia, de arrogância, de "vale tudo", de não se olhar a meios para atingir os fins, de julgar que a carteira, mesmo lisa, há-de um dia ser cheia e comprar tudo.

Surgem debaixo dos pés os oportunistas, os mentecaptos, os que acham que, sem eles, o mundo não existiria. E fazem escola! E têm apoiantes e sobem, sobem, qual balão que, um dia, vai esvaziar. E essa é a sua grande luta: se e quando o balão esvaziar, ao menos ninguém dê por isso.

O poder, o poder, o poder, não para ajudar a resolver mas para (me) engrandecer! E, sentado na cadeira, reclamar a reverência a que (me) julgo com direito, adquirido à custa de muita habilidade e cretinice.

Não têm culpa! A fuga dos que tinham condições e há muito decidiram afastar-se, trouxe para a ribalta gente de fraca estirpe e má índole, e colocou na gaveta do esquecimento aqueles para quem Abril sonhou abrir as portas. 

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