quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Livros (lidos ou em vias disso)

(...) 
Febre de Verão, em Lisboa.
Tuberculose, algum tifo. E as eleições de Junho.
A oposição continuava a queixar-se. O que lhe fora sonegado nas urnas. Principalmente na Madeira, onde havia republicanos na prisão.
Ninguém esquecia aquela pouca-vergonha.
E ia a pior.
Constava que se urdia uma nova lei eleitoral. Propósito?
Cobrir todas as trafulhices dos talassas. As que já se conheciam e as que seriam inventadas.
Protestava-se.
Convocavam-se as manifestações quase todas as semanas. E a multidão vinha para a rua.
Não os explorados das fábricas e oficinas. Nem as mulheres descalças forçadas à descarga do carvão.
Não as varinas levando os filhos à cabeça, nas canastras. As que ficavam no olhar do José Joaquim, quando passavam ao entardecer.
Vinha gente remediada. E burgueses de bengala e chapéu de coco.

Sim, os republicanos, e a facção visível da Maçonaria, que haveria de se chamar <<Carbonária>>. O verde e o vermelho que viriam a ser bandeira. Que talvez já o fossem.

Além deles, o rapazio. Garotos que apareciam de todo o lado, a correr. Faziam muito barulho. Surriadas. Quando os mais velhos dispersavam, voltavam ao pião. Ao rapa.

Cantava-se o hino da Maria da Fonte.

Ainda não se compusera A Portuguesa. Isso só aconteceria em 1890, ao cruzar-se a iminência da bancarrota com o despeito pelo ultimato inglês. (...)

Filomena Marona Beja
Franceses, Marinheiros e Republicanos ...
Divina Comédia (2014)

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