Gente e mais gente. Está sempre mais gente, seja Verão ou Natal, Páscoa ou um dia qualquer.
- Com licença, com licença ...
- I'm sorry ...
Empurram-se as malas, os sacos, os carrinhos a transbordar, as mãos a prevenirem eventuais quedas, difíceis de controlar e terríveis de remediar.
Encaminho-me para o placard das chegadas. Os olhos espreitam, auxiliados pelos óculos, que a distância é grande e há gente, muita gente.
- Já aterrou, ouve-se ao lado. Saem da frente e encaminham-se para o sítio ideal, de onde descortinar quem sai.
Aguardo mais um pouco. A mensagem que me descansa surge. Aterraram. Sigo o exemplo dos outros e cravo o olhar onde irão aparecer. Apesar de não ser propriamente um baixote, tenho dificuldade em ter a visão total da porta. Gente e mais gente. Muitos jovens, com mais um palmo ou perto disso. Vale que a maior parte tem a cabeça inclinada para essa máquina informativa que, de quando em vez, também é utilizada para fazer e receber chamadas telefónicas.
Consigo a colocação ideal e aguardo, sem pressas. Tenho o livro na mão, fechado. Ainda li duas ou três páginas, encostado a uma coluna. Senti que estorvava a deslocação dos outros. Recolhi-o.
Quase não há cadeiras, as pessoas são cada vez mais, gente e mais gente. Os meus devem estar mesmo, mesmo a chegar. Quero vê-los primeiro. E consigo! Corro com a velocidade de hoje, em busca dos abraços, fortes, como sempre. E comentados ... cheios de saudades e de meiguices.
O aeroporto de Lisboa tem poucas, ou nenhumas, condições para quem espera, é um facto que conhecemos bem. O contratempo desaparece quando surgem as caras alegres dos que, ansiosamente, estávamos à espera.
Os netos estão cada vez maiores! Ou serei eu a minguar?
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