domingo, 25 de junho de 2023

Montras

Passado o Santo António e o São João, confirmada a implosão do Titan, desaparecidas no Mediterrâneo mais umas centenas de pessoas, anónimas, que, em lugar de ficarem sossegadas na pacatez das suas terrinhas, têm o dislate de arriscarem tudo em busca de uma vida um pouco melhor, pagando a alguns algozes que deles se aproveitam, surgiu a bronca na guerra da Ucrânia.

E tudo parou! O mercenário, amigo do peito de Putin, comandante de um exército paralelo com larga experiência em vários países do mundo, revoltou-se contra quem lhe pagava ou lhe tinha deixado de pagar. Desencadeou uma marcha de tanques em direcção a Moscovo e trouxe aos olhos do mundo uma tempestade medonha. Foi um susto. As televisões alteraram programação e convocaram comentadores, os jornais publicaram parangonas e interrogaram-se, preocupados, sobre o amanhã.

Ainda não tinham decorrido vinte e quatro horas e já um "boneco" aliado de Putin chegava a acordo com o insurrecto e garantia-lhe asilo na Bielorússia, talvez arranjando-lhe um T0 com renda económica, para que possa ter uma vida digna, sem sobressaltos de maior e sem ter de ir dormir para debaixo da ponte.

A guerra, afinal, não parou, nem se vislumbram jeitos disso. A produção de munições e armamento garantirá a riqueza de alguns e a desgraça da grande maioria.

Entretanto, em Portugal, há gente muito preocupada com os males que pairam no mundo e tenta arranjar forma de os solucionar. Para isso, trata de trazer, para gozarem o nosso sol, jovens candidatos a futebolistas fora de série, apanhadores de bivalves que irão obter certificados profissionais para lhe abrirem os rios de todo o mundo, trabalhadores rurais que, vivendo em condições miseráveis, garantirão o seu futuro como agrónomos e encherão os bolsos de chulos e senhorios sem escrúpulos.

Como dizia a Professora Deolinda: "ora valha-lhes um burro aos coices e três aos pontapés".  

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