quarta-feira, 8 de maio de 2024

Mãe

Nasceu há 101 anos, partiu há 20 e por cá permanece sempre viva, na lembrança diária.

Foi uma mulher enorme, que conheceu bem cedo as agruras da vida, as sofreu e tentou sempre superar. Dei-lhe muitas preocupações, roubei-lhe muitas noites de sono, fui altivo e rezingão, e nunca lhe senti a mais pequena acrimónia. 

"Roubei" a Torga a carta, simples, que recebi hoje no meu imaginário.

Correio

Carta de minha Mãe.
Quando já nenhum Proust sabe mais enredos,
A sua letra vem
A tremer-lhe nos dedos.

- <<Filho>> ...
E o que a seguir se lê
É de uma tal pureza e de um tal brilho,
Que até da minha escuridão se vê.

Diário II
Miguel Torga
Coimbra (4ª edição-1977)

1 comentário:

Anónimo disse...

❤️🌹