segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Arrumação

A casa, o escritório, os quartos, qualquer divisão, até a casa de banho, devem estar sempre bem arrumados, para não parecer que há desleixo e para ser fácil encontrar qualquer coisa de que se precise. Tudo tem o seu lugar e o hábito, a repetição, a lógica, facilitam a tarefa e dispensam a necessidade de pensar muito quando se precisa de algo. Desta vez, o que parece impossível aconteceu.

- Onde parará o livro?

Só pode estar aqui, ou ali, ou acolá! Perdido não está. Nem saiu de casa ...

Uma luta incessante, abaixo e acima, aqui e ali, talvez acolá. Tão estranho. Sem resultado! São horas de ir dormir e faz parte da rotina ler qualquer coisa.

- Bom, vou buscar o próximo. Sem ler é que não fico. Pode ser que apareça durante a noite ...

Estará no carro? Não! Caiu e está debaixo de algum móvel? Claro que não! Voltou ao seu lugar na "biblioteca"? Já verifiquei! Na cama não ficou nem no WC, último sítio de leitura, se a memória não atraiçoa. E o sono tardava.

- Parece bruxedo!

Não foi! Só "nabice"!

Era necessário consultar os passaportes e eles estavam na gaveta, cobertos por alguns outros documentos que saíram, para a remoção ser possível. O livro, que ainda estava na mão, foi colocado em cima do móvel e foi tapado pelos documentos retirados, sem sequer ter um queixume que avisasse o distraído.

A rotina e a preocupação em manter a arrumação recolocou os documentos no sítio e nem deu pelo peso e volume aumentados. O livro foi junto e por lá ficou, sossegadinho, tão bem acompanhado que não tugiu nem mugiu quando, depois de um sono em sítio tão desconhecido quanto recôndito, foi apanhado e voltou à sua obrigação: continuar a ser lido! 

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