sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Comboios

Caminhamos a alta velocidade para o final do ano e nem sequer utilizamos o TGV de que tanto se fala e nunca mais cá chega.

Continuamos a ter as ronceiras automotoras como as que, há quase meio século, me serviam de meio de transporte daqui para a capital e de lá para cá, só aos fins de semana e não em todos. As viagens, num e noutro sentido, eram agradáveis. Permitiam sempre pôr um pouco do sono em dia (ou em noite), sentado ou deitado, consoante a disponibilidade do banco. O "pica" surgia na carruagem após uma das muitas paragens, em todas as estações e apeadeiros, e, se era simpático, seguia em frente e não perturbava o sonho do dorminhoco. Se não o era ... abanava com força o ombro e o bocadinho de papel era subtraído ao bolso e entregue quase sem que os olhos se abrissem. Depois, era aguardar pelo túnel do Rossio ou pela chegada às Caldas. Na época, duas horas de sono, mesmo que solto, eram muito importantes.

Ouve-se dizer que é desta! A linha do Oeste irá ser completamente remodelada, electrificada e, dentro de dois anos, permitirá que uma ida a Lisboa se faça em pouco mais de uma hora, confortavelmente sentado e sem as pernas encolhidas. Nessa altura, a procura deverá impedir que haja gente deitada no banco, mas compensará.

A ver vamos! 

Sem comentários: