sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Novas

Novas, há novas, gritou Bocage quando chegou à praça, perante o pasmo dos aí presentes.
- Compradinhas agora mesmo, disse, exibindo as botas novas que calçava.

Dia cheio de novidades ou talvez não.

Chegou o Outono, como acontece todos os anos, que eu me lembre; comemoraram-se 200 anos da primeira Constituição Portuguesa; os russos iniciaram os referendos para tentar legitimar a invasão da Ucrânia; a guerra continua, ainda que com menos directos das televisões e menos comentários dos "sabões"; os preços aumentam e toda a gente se lastima, até os que estão a ganhar, e muito, com isso; o Ministério Público abriu mais um rigoroso inquérito já não me lembro sobre quê, mas isso não tem importância nenhuma; Portugal anunciou, através de António Costa, que se vai candidatar ao Conselho de Segurança da ONU, para o biénio 2027/2028, com a esperança de que a guerra já tenha acabado nessa altura, acrescento eu.

São assuntos e acontecimentos relevantes, aos quais todos devemos dar atenção e manifestar o nosso apreço. Felizmente que não são os únicos e que há algo mais importante que acontecerá hoje e marcará o futuro e a história do país, sem qualquer dúvida.

Costa receberá Montenegro, ambos acompanhados por dois ajudantes, que pouca relevância terão no diálogo que vai acontecer. Os dois, neste primeiro dia de Outono, vão abrir as páginas dos estudos que hão-de determinar a localização do futuro aeroporto, as quais ainda se encontram em branco, mas deverão ser preenchidas nos próximos 50 anos e dar lugar a um Livro Branco sobre as vicissitudes que justificarão o atraso e a importância da obra, que demorou muito tempo, obrigou a tantos estudos e tornou a conversa sobre o assunto insuportável.

O parágrafo anterior é longo, fastidioso e chato de ler, tal como a tarefa que está em cima da mesa.

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