É natural da Guiné e por aqui vai vivendo (ou vegetando) há mais de 10 anos, num esforço enorme para subsistir, em conjunto com a mulher, e ir criando três filhos em idade escolar. O quarto, já adulto, emigrou para a Alemanha e por lá se mantém.
- De vez em quando manda 200, 300 Euros e ajuda muito.
Mantém uma pequena agricultura num quintal emprestado, enquanto o dono não inicia a construção. Planta tudo o que pode, das alfaces ao feijão, das batatas ao jindungo, cebolas e tomates. De manhã, antes de ir para a fábrica, é obrigatória a passagem pela lavoura. No regresso, a "teimosia" mantém-se e lá ajeita a terra, tira as ervas daninhas, dá uma regadela. A janta e a dormida podem esperar.
- Precisava de uma arca para guardar o jindungo. Tenho muita gente que compra e podia vender mais, se conseguisse mantê-lo no frio. A arca custa 500 Euros lá na casa que me falou. É muito!
Um homem passa, cumprimenta e pede-lhe para conversar. Afastam-se os dois e sussurram, com cara de caso, que parece grave.
- Conhece?
- Sim, de o ver por aí.
- Muito boa pessoa. A mulher fugiu-lhe e está a criar a filha sozinho. Foi mau-olhado ...
- ???
- De certeza. Lá na Guiné, quando alguém quer enfeitiçar outro, lava umas pedras que lá existem e dá a água a beber à pessoa que quer enfeitiçar.
- Não acredito em nada disso ...
- Chi ... é verdade, sim senhor!
Século XXI, sem dúvida.
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