quarta-feira, 26 de julho de 2023

Palavras bonitas

ARRÊT À VADUZ

Do verdenegro 
dos alpes sai
castiçal lerdo
o Liechtenstein

Como vidrilhos
que gargalhassem
no fim do mundo
uma louca valsa

o Liechtenstein
por capitosa
capital tem
uma espuma rosa

Buquê de montras
entre as maminhas
de uma teen-ager
Vaduz se aninha

Não é Vaduz
maior que um selo
suscita o sonho
e remetê-lo

para o século XX
nuvem de moscas
num sobrescrito
de riso às roscas

Para a noite grácil
que faz frufrús
ri o castelo
em altos us

Redige a lua
pena de pato
o príncipe que acha
o meu sapato

é só por isso
que este punhado
de margaritas
é principado

O Liechtenstein
do pouco o todo
tira de um cómico
chapéu de coco

Da liberdade
do que é escasso
o apocalipe
faz um terraço

para saudosas 
vistas deitar
ao mundo desse
último andar

A dor com que a
razão nos multa
filtra-a uma gota 
de violino fútil

Neste brinquedo
terei na mão
os vãos confins
da evasão?

O anjo do ocidente à entrada do ferro
Natália Correia

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