domingo, 16 de julho de 2023

Urgência

A música popular portuguesa tem, tal como a sopa de beldroegas e o queijinho fresco, grandes tradições e, quase sempre, uma beleza de sons e palavras e sabor inexcedível, que nos devem orgulhar enquanto povo.

Isto não significa que nos deixemos encher de música dada por papalvos que nem conhecem as sete notas e nos satisfaçamos com o folclore que nos vão impingindo sem rebuço nem vergonha.

Nos últimos anos, a justiça tem feito os impossíveis para nos dar música e, muitos dos seus, feito um esforço grande para que o folclore seja o protagonista onde deveria mandar a descrição, o empenho e a eficiência.

A generalização nunca deve acontecer porque, em todas as áreas, há gente boa que rema todos os dias mesmo contra a maré, pessoas assim-assim a quem tanto faz que a maré corra para baixo ou para cima e indivíduos que não prestam nem para deitar fora quanto mais para merecerem adjectivos. Por isso, custa a acreditar que há processos a eternizarem-se por anos e anos nas "catacumbas" das pastas intermináveis e sem ninguém se ralar com essa demora, aparecendo, de quando em vez, a desculpa da falta de recursos humanos e materiais. E abre-se a boca de espanto quando se vê uma reportagem sobre investigação em que as câmaras chegam ao local do "crime" antes das largas dezenas de agentes nela envolvidos. Alguém "bufou" sem se preocupar com o rigor e a honestidade que lhe deveriam estar "na massa do sangue".

Se, quem está de boa fé e acredita na capacidade regeneradora da sociedade pela via do diálogo e do rigor, não fizer nada, caminharemos, inexoravelmente, para a chegada da ordem nova pedida por alguns arautos, que ainda usavam cueiros em 1974 (ou nem sequer tinham visto a luz do dia), como sendo a solução para todos os males, restaurando um passado de má memória para quem o viveu e dele não tem quaisquer saudades, muito pelo contrário.

É urgente acabar de vez com a justiça espectáculo, com o folclore dos responsáveis a debitarem números para justificarem a sua eficiência (?), com os julgamentos na praça e nos estúdios das televisões, e com os palavrosos discursos à laia do "pai Tomás" de triste memória sobre quem se dizia que, "para cúmulo da chatice, tanto falou ... e nada disse".  

1 comentário:

Anónimo disse...

E se ao saboreares as beldroegas juntares as cantigas de maio, traz outro amigo também . Não chegamos a lugar nenhum.