terça-feira, 26 de março de 2024

Saltimbancos

Em vésperas de Abril, o dia começou com muita chuva, vento e granizo, coisa que não é muito habitual por este oeste sossegado. As pedrinhas estragaram algumas flores da laranjeira, dos limoeiros e da ginjeira, e alteraram o verde da relva para um esbranquiçado parecido com a minha cabeleira.

Tudo indicava que seria um de

"vai prá barraca, Mimoso!"

sem qualquer interesse, a não ser aquele a que o livro actualmente a ser lido, proporciona.

Afinal, tudo se alterou. Para quem, como eu, gosta de teatro, o espectáculo surgiu no televisor, sem necessidade de comprar bilhete, em directo da Assembleia da República. A "peça" transmitida está a baixar de nível e a subir de interesse. Trata-se da eleição do novo Presidente da AR, segunda figura da hierarquia do Estado. 

Confesso as minhas limitações: ainda não percebi se é comédia, drama ou farsa, e se o elenco - 230 "actores" - tem nível para o papel que lhes destinaram. Contudo, já entendi que a minha geração, que depositou enormes esperanças na chegada da liberdade, não foi capaz de transmitir valores a muita da gentalha que hoje se senta em cadeiras cuja ocupação deveria ser por pessoas de nível, preocupadas com as funções para que são (foram) eleitos.

1 comentário:

Artur Henrique Ribeiro Gonçalves disse...

Chama-lhe «tramoia» cénica, caraterizada pelas mudanças bruscas de cena e alterações de cenário ou, então, «ópera-bufa» de teor burlesco-ardiloso.