A caminho do barbeiro, não encontro ninguém conhecido. Passam por mim meia dúzia de pessoas, bem mais novas e apressadas. No parque de estacionamento havia lugares "à fartazana". A actividade da cidade ainda está muito longe do normal. Muitas lojas do pequeno comércio ainda permanecem fechadas e isso causa algum desconforto ao passar, lembrando o Fulano, o Sicrano, o Beltrano que, à vista, estão "mortos".
O meu amigo C. está a funcionar "ao postigo" e falou comigo à porta. Ninguém entra para comprar nem para dois dedos de conversa. Estávamos nisto, enquanto eu aguardava a minha hora marcada e o barbeiro despachava o freguês anterior e desinfectava tudo, quando apareceu um cliente. Queria ver canas de pesca, embora a actividade de pescador amador ainda esteja interdita.
- Tem alguma ideia?, perguntou o C.
- Queria ver ...
- Não pode entrar. A polícia passa muitas vezes e, se estiver lá dentro, aplica-me uma multa. Vou trazendo para aqui, para ver se gosta ...
O barbeiro, que fica em frente da loja do C., chamou-me. Estava na hora de me sentar na cadeira e de cortar a guedelha.
Já mais leve, voltei à conversa com o C.
- Vendeste a cana ao homem?
- Não. Talvez volte quando a pesca voltar a ser permitida. Hoje até nem foi muito mau. Vendi um saco, entreguei quatro cofres (para as armas) e tive algumas promessas...
O dia está a acabar. As poucas pessoas que (ainda) andam na rua, vão recolhendo à casinha. Espera-se um amanhã melhor, mas não vai ser fácil ...
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