quinta-feira, 25 de março de 2021

Liberdade escurecida

O sol já deverá estar a esconder-se no mar da Foz do Arelho, naquele movimento de luz alaranjada (não confundir com laranjinha) que, para quem sabe de fotografia, proporciona imagens lindíssimas. 

Como a partir da meia noite já não se poderá transitar entre concelhos, estou com algum receio que ele não arranje documento justificativo e, amanhã, não apareça e a escuridão nos atinja a todos. Claro que não vai acontecer, apesar das minhas dúvidas. O sol preocupa-se com todos nós, sabe da nossa necessidade de vitamina D, apesar da ocupação que carrega de andar lá nos céus noite e dia atrás da lua, como diz a cantiga. Ele anseia que as nuvens não o toldem, se ajustem e afastem, deixando-nos o azul e o quentinho, que bem merecemos, se nos portarmos bem.

E portar bem significa usufruir vibrantemente da nossa liberdade, cuidando sempre de a domar para que não prejudique nem colida com a dos outros.

De acordo com as notícias, ontem foi dia de escuridão completa no Tribunal de Odemira. Um julgamento foi adiado porque o pacóvio que presidia queria toda a gente sem máscara, por achar que o uso da dita lhe violava a liberdade. Felizmente, parece que já alguém se impôs e mandou a figurinha para casa aprender os ditâmes da função que lhe estava cometida.

Talvez ainda vá a tempo de fazer a quarta classe de adultos, para que não se diga que o analfabeto conseguiu chegar a juiz ...

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