segunda-feira, 29 de março de 2021

Quotidiano

Como toda a gente, não tenho um passado imaculado e fiz muitas asneiras, algumas que recordo, muitas outras que caíram no arquivo impenetrável por vontade própria, auto-defesa ou mesmo esquecimento puro. Ainda hoje, com todo o saber da experiência feito, é raro o dia que não cometa erros, faça coisas indevidas ou das quais me arrependo mais tarde. 

Por isso, cada vez tenho mais dificuldade em suportar os que se consideram infalíveis, têm sempre a solução na ponta da língua e, cúmulo, dominam todos os temas. E também aqueles que, perante a evidência do erro cometido, procuram os argumentos mais incríveis que o justifiquem e lhe dêem, até, credibilidade. E ainda aqueles outros que, do alto da sua "sapiência", tentam mostrar à saciedade e à sociedade que a "divina providência" lhes facultou os recursos, únicos, para "pregarem" a forma e o conteúdo da vida dos outros, como se só a cabeça deles funcionasse e apenas os seus olhos vissem as cores do quotidiano, do passado e do futuro.

Quando isto me acontece e me surgem estes seres sobredotados a indicarem o caminho, o "computador" apela à memória e traz à tona o Cântico Negro, de José Régio:

(...) Não sei por onde vou, não sei para onde vou, sei que não vou por aí.

1 comentário:

Anónimo disse...

Aos "sábios", receita-lhes o provérbio "presunção e água benta cada um toma a que quer". 🤣