TOADA DO LADRÃO
A mim não roubaram que a não trocariaporque eu nada tinha. por coisa nenhuma;Mas roubaram tudo que filhas assimà minha vizinha. havia só uma.Vejam os senhores: Pois hoje um ladrãoRoubaram-lhe a ela Que há muito a miravaa filha mais grácil, entrava-lhe em casaa filha mais bela. p'ra sempre a levava.Nem na sua casa, E a minha vizinhanem na freguesia, dona de solaressequer no concelho, e de longas terrasmelhor não havia. com rios e pomares,Prendada, bonita ... e de jóias rarasE, depois, uns modos que ninguém mais tinha,de matar a gente, ei-la num instantede prender a todos. pobrinha... pobrinha...Dizia a vizinha (Tem pomares ainda,que era o seu tesoiro; tem jóias, tem oiro ...que valia mais Mas de que lhe servemque a prata e que o oiro; sem o seu tesoiro?)- Vizinha e senhora,não me queira mal!Se há ladrões felizes,sou o mais felizque há em Portugal.
Campo Aberto
Sebastião da Gama
Edições Ática (1999)
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